São Paulo, segunda-feira, 06 de dezembro de 2010

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John Legend volta no tempo em busca de nova inspiração

Músico deixa de lado as baladas românticas e adere ao repertório black de viés engajado dos anos 1960/1970

"Wake Up" teve cinco indicações ao Grammy; cantor diz que preserva os "ensinamentos da igreja", mas hoje é cético

ELISANGELA ROXO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

John Legend, vencedor de seis prêmios Grammy e indicado em cinco categorias neste ano, deu um tempo no amor romântico e encontrou nas letras engajadas da música black dos anos 60 e 70 a inspiração que buscava.
Seu quarto disco, "Wake Up", revela a intenção já na abertura, com uma versão moderna e balançante de "Hard Times", do soulman Curtis Mayfield (1942-1999), que diz: "Em tempos difíceis, não há amor para ser encontrado". O sentimento, aqui, é metáfora da justiça social.
"Compared to What", do pianista Eugene McDaniels, que ficou conhecida como hino de resistência à Guerra do Vietnã, também entrou para "Wake Up". O álbum segue, portanto, linha diferente do que ele fazia -canções como "P.D.A" (2006), cujo tema era sexo em público, e "Entreolhares (The Way You're Looking at Me)" (2009), parceria com Ana Carolina.
"Também acho conveniente falar sobre romance, mas agora era o momento de tratar de política", afirma, em entrevista à Folha.
"Wake Up" foi gravado com o grupo The Roots -que fusiona hip-hop e hard rock-, durante as eleições americanas, período em que Legend se engajou na campanha de Barack Obama. "Acho que ele tem feito reformas importantes na saúde e na educação, por exemplo."
Das 13 músicas, apenas uma é inédita, "Shine". Legend fez a letra para "Waiting for the Superman", documentário sobre a reforma educacional nos EUA. A direção é de David Guggenheim, ganhador do Oscar por "Uma Verdade Inconveniente", em que Al Gore trata do problema da mudança climática.
Como bom músico negro, Legend começou a carreira na igreja. Hoje demonstra ceticismo sobre religião, mas explica que os valores que aprendeu continuam influenciando suas decisões.
"Acho que muito do ensinamento que recebi na igreja vai sempre estar comigo, como amar o próximo como a você mesmo, promover paz, perdão, justiça social. Essas mensagens eu continuo praticando, mesmo sendo meio cético", afirma.


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