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GASTRONOMIA
O badalado Samuelsson fala sobre comida e sua herança etíope
Chef do Aquavit de NY mostra sua cozinha em SP
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
Considerado um dos papas da
gastronomia moderna, o chef
Marcus Samuelsson, do badalado
Aquavit, de Nova York, apresenta
em São Paulo, amanhã e quarta,
sua criativa cozinha escandinava,
no bistrô Payard.
Com cotação máxima no "The
New York Times", e eleito o quinto solteiro mais cobiçado do
mundo pela revista "People", em
1999 (o primeiro era George Clooney), o etíope (e ainda solteiro)
Samuelsson, 31, conversou com a
Folha, por telefone, dos EUA.
Folha - Será sua segunda visita ao
Brasil. Que lembrança tem do país?
Marcus Samuelsson - Estive duas
semanas na Amazônia, em 92. Foi
ótimo, a comida era boa, pessoas
amigáveis. A primeira coisa que
associo ao Brasil é o futebol, além
da comida. Pelé, Zico... Vocês são
campeões do mundo toda hora!
Folha - E a comida brasileira?
Samuelsson - Sei que a cozinha
baiana é muito similar à de Moçambique, os temperos. Conheço
vários chefs que já estiveram no
Brasil, e eles me contam.
Folha - O sr. nasceu na Etiópia e
foi criado na Suécia. Por quê?
Samuelsson - Meus pais morreram de tuberculose, em Adis Abeba, quando eu tinha três anos. Então um casal sueco me adotou e
fui morar em Gotemburgo.
Folha - E a culinária escandinava?
Samuelsson - Ela é baseada em
peixe, carne de caça e técnicas de
conservação, como picles e defumados. Eu priorizo a imagem, a
temperatura, a textura e o paladar, que é o mais importante.
Folha - Há alguma influência
etíope em sua cozinha?
Samuelsson - Um pouco, nos
temperos. Acho que a cozinha
africana será a próxima moda. Já
tentamos japonesa, asiática e até
sul-americana. Agora é boa hora
de tentar a africana. Quero usar
ingredientes brasileiros também.
Folha - O sr. retornou à Etiópia?
Samuelsson - Vou lá todo ano,
com a Unicef. Organizamos jantares e a renda é doada a entidades
carentes. Há ainda muita miséria,
mas o povo tem muita dignidade,
espiritualidade, coisas que não vemos no Ocidente.
Folha - O sr. diz adorar Pelé. Ele já
foi ao seu restaurante?
Samuelsson - Uma vez, há uns
quatro anos. Mas não conversei
com ele, não queria incomodar.
Folha - O Aquavit é muito visitado
por celebridades e gente que quer
ser vista. Isso o incomoda?
Samuelsson - O importante é
combinar isso, fazer com que essas celebridades amem a comida.
Folha - Uma refeição no Aquavit
custa cerca de US$ 90. Se o sr. tivesse apenas US$ 10 para comer, em
Nova York, iria a um fast-food?
Samuelsson - De jeito nenhum!
Iria a Chinatown [bairro chinês".
Você consegue lá uma bela refeição por menos que isso.
MARCUS SAMUELSSON - bistrô Payard
(r. Prof. Arthur Ramos, 777, tel. 0/xx/11/
3816-3669). Quando: amanhã e quarta,
almoço e jantar (é recomendável
reservar antes). Quanto: por pessoa, R$
50 (almoço) e R$ 90 (jantar).
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