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Bahman Ghobadi é expectativa do país no Oscar 2001
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM TEERÃ
Em agosto de 1978, 400 pessoas
morreram queimadas no cinema
Rex, na cidade de Abadan, em
atentado instigado pelos religiosos mulahs, que acreditavam que
as salas de cinema eram símbolos
do demônio. Isso porque concorriam com as mesquitas na disputa
por frequentadores e mostravam
cenas com mulheres aparecendo
sem véus, dançando e cantando.
Hoje, 23 anos depois, o regime
islâmico usa o cinema para melhorar a imagem do Irã no Ocidente. Fomenta produções por
leis de incentivo, realiza festivais e
cria organismos como a Fundação Farabi.
Pela segunda vez em três anos, a
fundação promove um filme:
"Tempo de Embebedar Cavalos",
de Bahman Ghobadi, que dividiu
o Camera D'Or do Festival de
Cannes do ano passado com o
também iraniano "Djomeh".
O filme de Ghobadi igualmente
dividiu o principal prêmio da
Mostra Internacional de Cinema
de São Paulo, desta vez com o inglês "Billy Elliot" e o português
"Capitães de Abril". Mas o grande
prêmio Ghobadi pode receber no
dia 13 de fevereiro, quando saírem
as indicações para os cinco concorrentes ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
Bahman Ghobadi, um curdo
nascido no vilarejo chamado Bareh (no Curdistão iraniano), foi
assistente de direção de Abbas
Kiarostami em "O Vento nos Levará" e ator em "O Quadro-Negro", de Samira Makhmalbaf.
Seu filme não participa do festival (o regulamento não permite,
pois o filme já esteve em cartaz no
Irã), mas Ghobadi é o diretor mais
assediado. Aos 32 anos, concedeu
a seguinte entrevista à Folha.
(IP)
Folha - Qual é o seu lobby para
ganhar votos da Academia?
Bahman Ghobadi - Não tenho
lobby. Os distribuidores é que estão lá nos Estados Unidos fazendo
o que podem. Não acredito que
tenha muitas chances, pois é uma
concorrência difícil.
Folha - O título "Tempo de Embebedar Cavalos" se refere à necessidade que os donos dos cavalos e
mulas têm de colocar álcool na água
para dar mais resistência durante o
frio da região do Curdistão. Qual
sua intenção?
Ghobadi - Foi passar a idéia que
também as crianças da história
precisam de uma força extra para
enfrentar as dificuldades da situação. No caso deles, o amor que cada um sente pelo outro foi o combustível.
Folha - Quanto custou seu filme?
Ghobadi - Custou US$ 130 mil,
conseguidos por financiamentos
bancários e gastos durante os dois
anos de produção.
Folha - Mas, agora, para promovê-lo nos Estados Unidos, o valor
será bem diferente...
Ghobadi - Melhor não saber (risos).
Folha - Seu próximo projeto também será rodado no Curdistão?
Ghobadi - Sim, é minha terra, é
do que quero falar. Não tem título
ainda, mas estou trabalhando no
roteiro e devo começar as filmagens em dois ou três meses. É sobre três músicos curdos que viajam do Irã para o Iraque, na região curda.
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