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CRÍTICA
No topo do pop, grupo mixa 2005 e 1985
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
New Order é o tipo de
banda que poderia deitar
sobre seu catálogo e lançar
qualquer coisa: embolsaria
mais dinheiro dos fãs, sairia em
turnês, e todos ficariam felizes.
Idiossincrasia que até virou
um certo charme, eles nunca fizeram "o" disco; seus álbuns
sempre foram mais uma reunião de singles poderosos ao lado de algumas faixas fracas.
Mas o que isso importa quando
esses singles são coisas como
"True Faith", "Subculture",
"Bizarre Love Triangle" etc? Esta é a banda que, com "Blue
Monday", definiu um "antes" e
"depois" no pop; é a banda que
criou o Hacienda, o clube mais
legal que a Europa já conheceu
-e perdeu tanto dinheiro na
empreitada que quase foi à falência; é a banda, afinal, que sobreviveu ao Joy Division...
New Order não é brincadeira.
Na pirâmide do pop, não há
ninguém acima deles. Assim,
após quase 25 anos nesse negócio, não têm mais nada a provar. E, na verdade, ninguém esperava muito deste "Waiting
for the Sirens" Call". Não mais
do que duas ou três boas canções. Mas há muito mais, e este
álbum se coloca em posição alta na discografia da banda.
Primeiro, as porcarias. O disco inicia com "Who's Joe", levada por batidas cansadas de
sintetizadores e letra pueril;
"Hey Now What You Doing"
oferece perspectiva um pouco
melhor; e, lá pelo meio do disco, aparece "I Told You So",
com barulhos de game e um toque cigano. É o tipo de bobagem descartável e quase ridícula que está presente em todos
os discos do New Order.
E só. O resto é jóia da mais alta qualidade. "Krafty", o single
que sai hoje na Europa, traz um
New Order das antigas, mas
com os dois pés no futuro.
Num ritmo acentuado pelo potente baixo de Peter Hook e letra otimista, parece reminiscência de "Brotherhood" (86).
"Waiting...", a faixa, é uma
deliciosa canção sobre viagem/perda/infidelidade e um
cara que sabe que quase deixou
tudo a perder. As guitarras aparecem em "Morning Night and
Day", e o vocal pop contrasta
com uma linha de baixo dark.
"Draculla's Castle", com os sintetizadores cadenciados, é outra que lembra Joy Division.
"Jetstream", mais oitentista,
com algum vocoder e vocais de
Ana Matronic (Scissor Sisters),
é excelente canção de pista.
Também dançante, house, é
"Guilt Is a Useless Emotion".
Em "Turn", é o teclado quem
manda; "Working Overtime",
a última, retoma as guitarras.
De repente, o disco acaba. E
você quer mais. E você percebe
que, em 2005, o New Order ainda é tão moderno e relevante
como em 1985.
Waiting for the Sirens" Call
Artista: New Order
Lançamento: Warner
Quanto: preço a definir
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