São Paulo, segunda-feira, 07 de março de 2005

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CRÍTICA

No topo do pop, grupo mixa 2005 e 1985

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

New Order é o tipo de banda que poderia deitar sobre seu catálogo e lançar qualquer coisa: embolsaria mais dinheiro dos fãs, sairia em turnês, e todos ficariam felizes.
Idiossincrasia que até virou um certo charme, eles nunca fizeram "o" disco; seus álbuns sempre foram mais uma reunião de singles poderosos ao lado de algumas faixas fracas. Mas o que isso importa quando esses singles são coisas como "True Faith", "Subculture", "Bizarre Love Triangle" etc? Esta é a banda que, com "Blue Monday", definiu um "antes" e "depois" no pop; é a banda que criou o Hacienda, o clube mais legal que a Europa já conheceu -e perdeu tanto dinheiro na empreitada que quase foi à falência; é a banda, afinal, que sobreviveu ao Joy Division...
New Order não é brincadeira. Na pirâmide do pop, não há ninguém acima deles. Assim, após quase 25 anos nesse negócio, não têm mais nada a provar. E, na verdade, ninguém esperava muito deste "Waiting for the Sirens" Call". Não mais do que duas ou três boas canções. Mas há muito mais, e este álbum se coloca em posição alta na discografia da banda.
Primeiro, as porcarias. O disco inicia com "Who's Joe", levada por batidas cansadas de sintetizadores e letra pueril; "Hey Now What You Doing" oferece perspectiva um pouco melhor; e, lá pelo meio do disco, aparece "I Told You So", com barulhos de game e um toque cigano. É o tipo de bobagem descartável e quase ridícula que está presente em todos os discos do New Order.
E só. O resto é jóia da mais alta qualidade. "Krafty", o single que sai hoje na Europa, traz um New Order das antigas, mas com os dois pés no futuro. Num ritmo acentuado pelo potente baixo de Peter Hook e letra otimista, parece reminiscência de "Brotherhood" (86).
"Waiting...", a faixa, é uma deliciosa canção sobre viagem/perda/infidelidade e um cara que sabe que quase deixou tudo a perder. As guitarras aparecem em "Morning Night and Day", e o vocal pop contrasta com uma linha de baixo dark. "Draculla's Castle", com os sintetizadores cadenciados, é outra que lembra Joy Division.
"Jetstream", mais oitentista, com algum vocoder e vocais de Ana Matronic (Scissor Sisters), é excelente canção de pista. Também dançante, house, é "Guilt Is a Useless Emotion". Em "Turn", é o teclado quem manda; "Working Overtime", a última, retoma as guitarras.
De repente, o disco acaba. E você quer mais. E você percebe que, em 2005, o New Order ainda é tão moderno e relevante como em 1985.


Waiting for the Sirens" Call
    
Artista: New Order
Lançamento: Warner
Quanto: preço a definir



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