São Paulo, segunda-feira, 07 de março de 2005

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TELEVISÃO

"The Starlet", que estreou nos EUA, reúne dez aspirantes a estrela e Faye Dunaway em ex-mansão da musa MM

"Reality show" caça nova Marilyn Monroe

ALESSANDRA STANLEY
DO "NEW YORK TIMES"

"The Starlet", um "reality show" da Warner que aplica a fórmula de "American Idol" a atrizes que aspiram a carreiras em Hollywood, começa com um rosto de alerta: a face semelhante a uma máscara de Faye Dunaway, com as mandíbulas tão repuxadas e os olhos tão esticados, que a única maneira que ela encontra de demonstrar expressão é pela voz. Por sorte, esta continua a ser um excelente instrumento.
Quando Dunaway elimina uma das concorrentes no momento culminante de "você está fora" que encerra cada episódio, ela usa um tom ameaçador: "Não nos telefone. Nós lhe telefonaremos".
As jovens participantes vivem juntas em uma pequena mansão em Hollywood que já foi o lar de Marilyn Monroe; a vencedora de cada rodada recebe uma estatueta dourada e o direito de dormir no quarto da "diva". A candidata que sobreviver ganhará contratos com um agente e com a Warner e um papel na série "One Tree Hill".
Mas o processo de eliminação é o melhor papel que elas terão na vida. Os criadores do programa cuidadosamente transformaram um programa de calouros banal em uma disputa dolorosa que mistura o melodrama enevoado com a brutalidade de "Platoon".
E, de maneira muito astuta, os produtores escalaram dez jovens que têm, cada qual, pronunciada semelhança com uma atriz conhecida. Andria, 24, uma loira saliente e ex-miss Texas, é uma aspirante a Reese Witherspoon. A batalhadora Courtney, 24, tem o cabelo ruivo curto e os lábios carnudos de Molly Ringwald; assim vai. É um recurso de memória apropriado para Hollywood: os agentes sempre comparam seus clientes anônimos a celebridades com as quais se pareçam.
Na apresentação, enquanto imagens granulosas de uma criança pequena vestida em roupa de bailarina enchem a tela, um narrador pronuncia: "Toda menina sonha se tornar uma estrela". Subitamente, as imagens passam a mostrar estrelas como Uma Thurman, caminhando pelo tapete vermelho em meio aos gritos deslumbrados dos fãs.
Bobbie Shaw Chance, professora de interpretação em Hollywood (uma espécie de Stanislavski peitudo) e instrutora das garotas, insta as alunas a se concentrarem em mais que sua aparência. "É fácil ser uma Pamela Anderson em teatro barato", diz.
Mas a habilidade dramática delas tem um primeiro obstáculo quando elas têm de recitar duas linhas de um "clássico", "O Guarda-Costas". Todas têm de imitar Whitney Houston repreendendo Kevin Costner: "Faço o que quero, quando quero. Você trabalha aqui. Você trabalha para mim".
Dunaway segue padrões severos. "Não estamos na escola Paris Hilton de interpretação."


Tradução Paulo Migliacci


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