São Paulo, sábado, 7 de março de 1998

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CRÍTICA
Novo disco abandona rock e blues

THALES DE MENEZES
da Reportagem Local

Pouca gente no mundo sabe tocar guitarra como Eric Clapton. Por isso, pouca gente pode lançar um CD tão ruim quanto "Pilgrim" e ainda merecer virar notícia.
O sujeito não esqueceu a técnica, mas enterrou a criatividade em algum lugar ignorado. Em troca, escolheu a assepsia de um som feito sob encomenda para publicitários.
O CD é interminável. Nos anos 70, Clapton gravou obras-primas que tinham 40, 45 minutos. O novo álbum traz 75 minutos que desafiam até o fã mais perseverante.
Antes do lançamento do disco, boatos indicavam que Clapton faria um disco com influência de drum'n'bass. Não é bem assim. O máximo que ele consegue é uma percussão sincopada, boa para comercial de TV moderninho.
As faixas têm introduções longas, oscilando entre baladas e um "sonzinho balançado", coisa anódina de fazer Jamiroquai morrer de inveja. O rock e o blues, alicerces de sua obra, sumiram de vez.
"Só é possível fazer um blues decente de barriga vazia", disse Clapton no início dos anos 70, criticando colegas acomodados com o dinheiro e o sucesso. "Pilgrim" mostra que está na hora do próprio Clapton tentar um jejum.



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