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CRÍTICA
Novo disco abandona rock e blues
THALES DE MENEZES
da Reportagem Local
Pouca gente no mundo sabe tocar guitarra como Eric Clapton.
Por isso, pouca gente pode lançar
um CD tão ruim quanto "Pilgrim"
e ainda merecer virar notícia.
O sujeito não esqueceu a técnica,
mas enterrou a criatividade em algum lugar ignorado. Em troca, escolheu a assepsia de um som feito
sob encomenda para publicitários.
O CD é interminável. Nos anos
70, Clapton gravou obras-primas
que tinham 40, 45 minutos. O novo álbum traz 75 minutos que desafiam até o fã mais perseverante.
Antes do lançamento do disco,
boatos indicavam que Clapton faria um disco com influência de
drum'n'bass. Não é bem assim. O
máximo que ele consegue é uma
percussão sincopada, boa para comercial de TV moderninho.
As faixas têm introduções longas, oscilando entre baladas e um
"sonzinho balançado", coisa anódina de fazer Jamiroquai morrer
de inveja. O rock e o blues, alicerces de sua obra, sumiram de vez.
"Só é possível fazer um blues decente de barriga vazia", disse
Clapton no início dos anos 70, criticando colegas acomodados com
o dinheiro e o sucesso. "Pilgrim"
mostra que está na hora do próprio Clapton tentar um jejum.
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