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Cineasta foi
falso ingênuo
da Redação
Em uma carreira de 50
anos, Humberto Mauro foi
marcado pela imagem de
cineasta "ingênuo", um
tanto caipira, que talvez ele
mesmo tenha cultivado.
É uma idéia razoavelmente enganosa. A simplicidade
de Mauro não é distante da
do francês Jean Renoir, digamos: ela vem da depuração desconcertante, não de
algum primitivismo.
Tinha perfeita noção de
que o cinema não é proeza
técnica, mas uma forma de
investigação do mundo em
que se inclui a técnica.
Sua inquietação era quase
sem limites. Falava tupi
correntemente e foi rádioamador. Foi o pioneiro de
Cataguases, esteve com
Adhemar Gonzaga na aventura industrial da Cinédia,
anos 30, partilhou a utopia
do cinema educativo.
Foi fotógrafo de "Mulher", de Octávio Gabus
Mendes (1931), publicou
um dicionário da língua tupi e escreveu diálogos nessa
língua para "Como Era
Gostoso o Meu Francês" e
"Anchieta, José do Brasil".
Mais: deu como presente
de casamento para o colega
Lima Barreto o roteiro de
"Inocência", afinal filmado por Walter Lima Jr. em
1983, e construiu um pequeno estúdio em seu sítio
em Volta Grande.
Mauro foi criador e pensador em quase todas as
áreas do cinema. Não é o
perfil de um ingênuo.
(IA)
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