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"Os Monólogos da Vagina"
estréia no teatro e nas livrarias
da Sucursal do Rio
Há pouco mais de cinco anos,
conversando com uma amiga, a
escritora norte-americana Eve
Ensler, 46, teve um estalo: por que
as mulheres se sentem desconfortáveis em falar sobre suas vaginas?
O "estalo" acabou nos palcos.
"Os Monólogos da Vagina", peça
escrita por Ensler a partir de mais
de 200 entrevistas com mulheres,
estourou no circuito "off Broadway" em 1997 e agora chega ao
Rio, dirigida por Miguel Falabella.
"As mulheres, de uma maneira
geral, não pensam em vaginas. Os
homens falam de seus pênis o
tempo todo. Por que nós não?",
diz Ensler, que lança no Rio, pela
editora Bertrand Brasil, uma
adaptação de "Os Monólogos da
Vagina". São trechos das várias
entrevistas feitas pela autora. Há
momentos emocionantes, como
o depoimento da mulher bósnia
sobre os constantes estupros sofridos durante a guerra.
Mas, além da estréia da peça e
do lançamento do livro, a vinda
de Ensler ao Rio tem outro objetivo. É na cidade que ela vai iniciar a
pesquisa para um novo livro.
Agora, Eve Ensler quer ouvir
das mulheres o que elas acham de
seus corpos, por que vivem insatisfeitas com eles e por que os modificam.
Para isso, nos próximos quatro
meses, a escritora vai visitar 14
países. O Rio, por ser uma espécie
de "paraíso" da cirurgia plástica,
foi escolhido como o ponto de
partida do novo trabalho.
A escritora assustou-se ao ouvir
que há poucos dias uma mulher
foi atendida em um hospital depois de ter recebido nos seios injeções de silicone usado em carros.
"Ela é a imagem do desespero.
Uma cirurgia nos seios é uma das
coisas mais assustadoras que já vi.
Como alguém pode fazer isso
com seu corpo?", diz.
Ensler sabe o que vai procurar
nos países que irá visitar. A escritora conta, por exemplo, que, em
algumas regiões da Nigéria, as
mulheres são obrigadas a comer
muito para engordar -um símbolo de beleza na região.
"Enquanto isso, na Noruega,
meninas de 12 anos fazem dietas e
emagrecem até quase morrer."
Do Rio, ela seguirá para Los Angeles. Lá floresce a "indústria" da
cirurgia plástica cosmética da vulva. "Alguém disse às mulheres
que elas poderiam ficar mais bonitas se tivessem um clitóris menor, ou lábios mais finos, ou uma
vagina mais estreita, e elas acreditaram."
Em suas pesquisas, descobriu
na Nigéria as "pílulas secas", feitas
de ervas que secam as vaginas para que haja mais atrito durante o
ato sexual. Já na Índia, as mulheres fazem de tudo para clarear
suas peles.
E, no Japão, usam saltos gigantescos, que causam acidentes,
tombos e ferimentos sérios.
"É inacreditável ver como, por
desconforto com seus corpos, as
pessoas fazem coisas terríveis. É
uma questão cultural."
(CRISTINA GRILLO)
Peça: Os Monólogos da Vagina
Direção: Miguel Falabella
Quando: a partir de amanhã. Quinta a
sábado, às 21h30; dom., às 20h
Onde: Teatro Clara Nunes (av. Marquês
de São Vicente, 52; tel. 0/xx/21/274-9696)
Quanto: quinta, R$ 20; sexta e dom., R$
25; sáb., R$ 30
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