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DUAS VISÕES SOBRE "BOLEIROS 2"
Falta cinema a "Boleiros 2"
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DA ILUSTRADA
A escolha de um universo
delimitado cria facilidades e
dificuldades para o filme de Ugo
Giorgetti. No caso, como se sabe,
estamos no reino dos boleiros, o
círculo mais íntimo do futebol.
Mais do que isso, estamos imersos na cultura paulista, com tipos
e sotaques característicos -embora haja lugar para um pouco de
Rio, o que não chega a retirar a
narrativa, às vezes à beira do "documental", de seu território.
Entre as facilidades da escolha,
talvez se possa incluir o fato de
que não é preciso muito mais do
que contar boas histórias e peripécias de boleiros -como faz o
diretor- para cativar os fãs de futebol. Mais complicado é obter
um resultado cinematográfico e
dramático que transcenda o círculo da crônica futebolística e a
simples identificação dos boleiros
da poltrona com os da tela.
É verdade que o filme procura
crescer para o pano de fundo social, universalizando uma situação brasileira -tanto em seus aspectos divertidos quanto nos
sombrios, como o oportunismo, a
falta de ética, a marginalidade.
Mas isso não sana, a meu ver, a
principal restrição que se pode fazer a "Boleiros 2": falta cinema.
Como fã de futebol, diverti-me
com as histórias e os comentários
marcadamente masculinos (e deliciosamente paulistas, italianados) que desfilam na tela. Mas fiquei com a sensação de estar
diante de uma dramaturgia mais
televisa -embora não da Globo- do que cinematográfica.
Não há vôos. A ambição parece
ter se consumido na trabalhosa
costura da narrativa, que envolve
vários personagens e situações
-e o faz com habilidade.
Simplificando: se você (como
eu) gosta de futebol, histórias engraçadas, tragicômicas, melancólicas, envolvendo técnicos, jogadores, empresários e maria-chuteiras, vá tranqüilo. Se está, no entanto, esperando algo mais, como
imaginação e arrojo cinematográfico e dramático, vai se frustrar.
Avaliação:
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