|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fora da ordem
Para o antropólogo Otávio Velho, elite brasileira quis ser "mais moderna que os inventores da modernidade", um recurso de distinção social; agora, ele afirma, as coisas começam a mudar
RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Por que pretendemos ser
mais modernos que os supostos modernos, aqueles que inventaram a modernidade?"
A questão, proposta pelo antropólogo Otávio Velho, 65,
professor emérito do Museu
Nacional, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), pode servir para amarrar
boa parte dos artigos reunidos
em seu novo livro, "Mais Realistas do que o Rei - Ocidentalismo, Religião e Modernidades
Alternativas" (Topbooks, R$
45,90, 383 págs.).
Parte da resposta é que no
Brasil, como em vizinhos latino-americanos, foram construídas "modernidades de redoma", ele diz, que serviam ao
final para distinguir e estabelecer hierarquias sociais. Resultado de resto oposto ao objetivo
manifesto da modernidade,
que seria o do estabelecimento
da igualdade entre os indivíduos e da impessoalidade da lei.
Uns, os que foram à universidade, os brancos, os que não
misturam política e religião, os
que defendem a "pureza" quase
imutável das instituições, estariam, esses modernos, dentro
da redoma. Do lado de fora, os
outros de sempre.
A novidade, para o antropólogo, é que por toda parte essa
"modernidade de redoma" parece apresentar sinais de crise,
e as distinções já não são tão seguras. Algo que se manifesta na
proliferação de universidades
particulares -mesmo que de
má qualidade- e na discussão
sobre as cotas, por exemplo.
Texto Anterior: Horário nobre na TV aberta Próximo Texto: "A 'modernidade de redoma' está em crise" Índice
|