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Mostra narra vida de Maria Antonieta
Em cartaz no Grand Palais, em Paris, exposição conta história da rainha morta na guilhotina como tragédia em três atos
Exibição desfaz alguns mitos em torno da personagem e apresenta quadros, esculturas, conferências e filmes
LENEIDE DUARTE-PLON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
A exposição do Grand Palais,
em Paris, sobre a rainha Maria
Antonieta (em cartaz até 30/6)
ignora a frase sobre o brioche,
que ela teria sugerido ao povo
que carecia de pão ("Se não têm
pão, que sirvam brioches").
Sem ignorar sua frivolidade,
os responsáveis pela exposição
se limitam aos fatos históricos
comprovados para recriar a
trajetória da filha do imperador
da Áustria, guilhotinada alguns
meses após seu marido, Luís 16,
em 1793, vítimas da radicalização da Revolução Francesa,
que, no início, buscava instituir
uma monarquia constitucional, mas eliminou os monarcas,
vistos como traidores do povo.
Os mitos em torno de Maria
Antonieta são inúmeros. A frase repetida por mais de dois séculos para exemplificar sua
alienação política é o maior deles. Mas o curador da exposição, Pierre Arizzoli, diretor de
Versalhes, cita outras idéias falsas, como a do filme de Sofia
Coppola que mostra uma pobre
menina rica se divertindo e bebendo champanhe. "Maria Antonieta só bebia água", diz Arizzoli, que autorizou a filmagem
no palácio nas horas em que estava fechado para visitas.
Os textos escolhidos, no entanto, acentuam a futilidade e o
desinteresse de Maria Antonieta pelos livros, o que preocupava sua mãe, a imperatriz Maria
Tereza, com quem manteve
uma longa correspondência. A
imperatriz continuava a educação de sua filha com cartas semanais enviadas a Versalhes.
A cenografia é parte importante da beleza da mostra. Concebida pelo diretor de ópera canadense Robert Carsen, a exposição que tem o nome da rainha como título cria longas filas
diante do Grand Palais, situado
no circuito turístico da avenida
Champs Elysées, no centro de
Paris. Até o fim de março, após
15 dias de exposição, foi visitada por 52.500 pessoas.
Três atos
O diretor artístico decidiu
expor os mais de 300 quadros,
objetos decorativos, esculturas
e desenhos ligados à vida da rainha como uma tragédia em três
atos, acompanhando a cronologia. O primeiro ato se desenrola
do nascimento de Maria Antonia Johanna Josepha, em 1755,
na corte de Viena, até sua viagem para a França e seu casamento antes dos 15 anos, em
1770, com o herdeiro da coroa
francesa, Louis Auguste. Quando Luís 16 subiu ao trono, ela tinha apenas 19 anos e ele, 20.
O segundo ato é a vida da rainha numa corte totalmente
controlada pela etiqueta estrita
de Versalhes, à qual Maria Antonieta tenta escapar e "ser ela
mesma" se refugiando no Petit
Trianon, concebido para ser
seu esconderijo, onde ela podia
fingir uma vida comum.
O terceiro ato é a construção
do personagem perverso pelos
detratores da rainha: "Madame
Déficit", "a austríaca", a depravada insaciável de sexo descrita
nos panfletos e desenhos pré-revolucionários que incluem o
livrinho ilustrado intitulado
"Os Furores Uterinos de Maria
Antonieta, Esposa de Luís 16".
O final da tragédia é a condenação à guilhotina, em 1793. A última peça desse ato é o desenho
atribuído a Jacques-Louis David que retrata uma mulher
abatida, mas digna, sentada numa carroça, sendo conduzida à
atual Place de la Concorde para
a execução pública.
Programação paralela
Paralelamente, há um intenso programa de conferências,
de exibição de filmes baseados
na vida de Maria Antonieta e
até mesmo um programa de visita ao Castelo de Versalhes para "aprofundar a exposição".
Em Versalhes, podem ser visitados os apartamentos privados de Maria Antonieta, mas o
Petit Trianon, que está em fase
de restauração até julho deste
ano, só pode ser visto do exterior. No entanto, o teatro da rainha e a capela do Petit Trianon
estão abertos à visitação.
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