São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2008

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Mostra narra vida de Maria Antonieta

Em cartaz no Grand Palais, em Paris, exposição conta história da rainha morta na guilhotina como tragédia em três atos

Exibição desfaz alguns mitos em torno da personagem e apresenta quadros, esculturas, conferências e filmes

LENEIDE DUARTE-PLON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

A exposição do Grand Palais, em Paris, sobre a rainha Maria Antonieta (em cartaz até 30/6) ignora a frase sobre o brioche, que ela teria sugerido ao povo que carecia de pão ("Se não têm pão, que sirvam brioches").
Sem ignorar sua frivolidade, os responsáveis pela exposição se limitam aos fatos históricos comprovados para recriar a trajetória da filha do imperador da Áustria, guilhotinada alguns meses após seu marido, Luís 16, em 1793, vítimas da radicalização da Revolução Francesa, que, no início, buscava instituir uma monarquia constitucional, mas eliminou os monarcas, vistos como traidores do povo.
Os mitos em torno de Maria Antonieta são inúmeros. A frase repetida por mais de dois séculos para exemplificar sua alienação política é o maior deles. Mas o curador da exposição, Pierre Arizzoli, diretor de Versalhes, cita outras idéias falsas, como a do filme de Sofia Coppola que mostra uma pobre menina rica se divertindo e bebendo champanhe. "Maria Antonieta só bebia água", diz Arizzoli, que autorizou a filmagem no palácio nas horas em que estava fechado para visitas.
Os textos escolhidos, no entanto, acentuam a futilidade e o desinteresse de Maria Antonieta pelos livros, o que preocupava sua mãe, a imperatriz Maria Tereza, com quem manteve uma longa correspondência. A imperatriz continuava a educação de sua filha com cartas semanais enviadas a Versalhes.
A cenografia é parte importante da beleza da mostra. Concebida pelo diretor de ópera canadense Robert Carsen, a exposição que tem o nome da rainha como título cria longas filas diante do Grand Palais, situado no circuito turístico da avenida Champs Elysées, no centro de Paris. Até o fim de março, após 15 dias de exposição, foi visitada por 52.500 pessoas.

Três atos
O diretor artístico decidiu expor os mais de 300 quadros, objetos decorativos, esculturas e desenhos ligados à vida da rainha como uma tragédia em três atos, acompanhando a cronologia. O primeiro ato se desenrola do nascimento de Maria Antonia Johanna Josepha, em 1755, na corte de Viena, até sua viagem para a França e seu casamento antes dos 15 anos, em 1770, com o herdeiro da coroa francesa, Louis Auguste. Quando Luís 16 subiu ao trono, ela tinha apenas 19 anos e ele, 20.
O segundo ato é a vida da rainha numa corte totalmente controlada pela etiqueta estrita de Versalhes, à qual Maria Antonieta tenta escapar e "ser ela mesma" se refugiando no Petit Trianon, concebido para ser seu esconderijo, onde ela podia fingir uma vida comum.
O terceiro ato é a construção do personagem perverso pelos detratores da rainha: "Madame Déficit", "a austríaca", a depravada insaciável de sexo descrita nos panfletos e desenhos pré-revolucionários que incluem o livrinho ilustrado intitulado "Os Furores Uterinos de Maria Antonieta, Esposa de Luís 16". O final da tragédia é a condenação à guilhotina, em 1793. A última peça desse ato é o desenho atribuído a Jacques-Louis David que retrata uma mulher abatida, mas digna, sentada numa carroça, sendo conduzida à atual Place de la Concorde para a execução pública.

Programação paralela
Paralelamente, há um intenso programa de conferências, de exibição de filmes baseados na vida de Maria Antonieta e até mesmo um programa de visita ao Castelo de Versalhes para "aprofundar a exposição". Em Versalhes, podem ser visitados os apartamentos privados de Maria Antonieta, mas o Petit Trianon, que está em fase de restauração até julho deste ano, só pode ser visto do exterior. No entanto, o teatro da rainha e a capela do Petit Trianon estão abertos à visitação.


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