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Medina confirma Rock in Rio - Lisboa em 2004
ISRAEL DO VALE
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
A sanha internacionalista da
música brasileira atinge seu momento mais, digamos, incrível.
Depois da enxurrada bossa nova
sessentista, do balaco dançante da
lambada nos oitenta e da ginga
eletrônica destes tempos, o país
prepara-se para exportar tecnologia de showbiz.
É a melhor forma de entender a
realização, em Portugal, de um
evento chamado Rock in Rio.
Sim, depois de dois anos de especulações, uma nova edição do
Rock in Rio está confirmada
-mas em Lisboa. Roberto Medina, criador do festival, refuta parentescos com certas piadas.
"Rock in Rio é uma marca, um
"brand". É coerente e corretíssimo
que o nome seja mantido."
Para Medina, a principal deficiência das edições brasileiras pode ser sanada agora: "A cobertura
de TV ainda não chegou aonde
poderia", diz. Em favor disso, ele
volta a Portugal em duas semanas
para assinar contrato com a Sic,
rede televisiva portuguesa com
quatro canais por assinatura e um
na TV aberta. A Sic será responsável pela geração de imagens para
os 700 milhões de espectadores almejados por Medina no mundo.
O orçamento está calculado entre
25 e 30 mi -de R$ 80 mi a R$
100 mi, compatível com o da terceira versão brasileira.
Mas e a música? Ah, claro! Bem,
o formato do festival é decalcado
do que foi visto na Cidade do Rock
de Jacarepaguá. O espaço é equivalente ao da terceira edição
-cerca de 220 mil m2. Receberá
cinco tendas, como aqui.
A curadoria privilegiará artistas
de grande apelo. "Faremos pesquisas para levantar os que estão
tocando mais e os que vendem
mais." De atrações Medina não
fala. Encurralado, menciona o desejo de ter uma Daniela Mercury
aqui, um Santana acolá, um Pearl
Jam mais adiante.
Serão 70 atrações esparramadas
por cinco noites, a partir de 29 de
maio de 2004. A data não foi escolhida a esmo. Antecede em uma
semana a abertura da Eurocopa.
"A música ainda é muito pouco
explorada como indutora de turismo", diz Medina, evocando o
impacto de R$ 400 milhões sobre
a economia carioca gerado pelo
terceiro Rock in Rio, segundo ele.
A continuação da saga brasileira
do Rock in Rio não está descartada. Mas ainda não é viável. Medina estuda a realização de uma versão dedicada apenas a bandas nacionais, para o segundo semestre deste ano ou em 2004. "Levar um
artista a um festival em Portugal
custa a metade do que seria no
Brasil, porque é só mais uma esticadinha na turnê européia", diz.
O patamar de preços de ingressos sopra a favor. "Enquanto no
Brasil o patrocínio tem que cobrir
pelo menos 60% do orçamento,
na Europa a bilheteria banca até
80% dos custos", afirma.
Medina espera reunir 100 mil
pessoas por noite no Rock in Rio
- Lisboa. O marketing social adotado no Rock in Rio 3 será potencializado. 5% da arrecadação será
revertido à "adoção" de algo entre
300 e 1.000 crianças pelo mundo.
Na versão brasileira, o projeto deve ser conectado ao Fome Zero.
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