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São Paulo, quarta-feira, 07 de maio de 2003

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"APROXIMAÇÕES DO ESPÍRITO POP: 1963-68"

Obras em exposição levantam questões relativas à aplicação do estilo na produção do Brasil

Artistas se aproximam ao discutir o pop

Divulgação
"Matéria e Forma, o Porco" (1966), obra de Nelson Leirner que apresenta um porco empalhado e está em exposição no MAM


TIAGO MESQUITA
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Aproximações do Espírito Pop" não é uma exposição da pop art nacional. Os quatro artistas seriam dificilmente enquadrados em alguma tendência. Suas obras foram escolhidas não por representarem o pop no país, mas por conseguirem levantar questões dessa corrente na produção local.
A diminuição do estilo pessoal em nome da composição por imagens prontas é um elemento comum entre as manifestações da arte pop americana e os artistas recuperados na exposição.
Lá, a pop art deu nova importância à representação de objetos reconhecíveis. As imagens eram retiradas direto da circulação de mercadorias, furtando-lhes uma camada de artesanato.
O uso de imagens e referências prontas nos trabalhos da coletiva participa da obra e lhe dá um aspecto mais objetivo. E tais ícones parecem constituir certa densidade positiva.
Apesar de Waldemar Cordeiro manipular imagens produzidas industrialmente, ele não procura o banal. Antes, reitera a idéia de planejamento do concretismo.
O modo como a pop art referencia o realismo mágico de Wesley Duke Lee é mais ambíguo. Longe de sentidos fugazes, a figuração pretende estabelecer relações inusitadas, que reconstituam um sentido tradicional da pintura. O caráter antimoderno aparece na apropriação de objetos de Nelson Leirner. Seu porco empalhado denuncia a suposta falta de critérios da liberação da arte moderna.
É Antônio Dias que se vale melhor da ambiguidade. Por trás da fria objetividade, estão signos orgânicos. Em vez de espectros, procura uma pulsação emporcalhada e dolorida que a transparência das linhas não contém.


Tiago Mesquita é crítico de arte

Aproximações do Espírito Pop  
Onde: MAM (pq. Ibirapuera, portão 2, São Paulo, tel. 0/xx/11/5549-9688)
Quando: ter., qua. e sex., das 12h às 18h; qui., das 12h às 22h; sáb. e dom., das 10h às 18h. Até 22/6
Quanto: R$ 5


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