São Paulo, sexta-feira, 07 de maio de 2004

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CINEMA/ESTRÉIA

"O Pântano" (2001), que projetou a cineasta Lucrecia Martel, estréia no país três anos depois de seu sucesso

Brasil vê onda argentina pelo retrovisor

DA REPORTAGEM LOCAL

"O Pântano" (2001), primeiro longa-metragem da argentina Lucrecia Martel, estréia hoje em São Paulo, com três anos de atraso.
No intervalo entre a conclusão do filme e seu lançamento no Brasil, Martel concluiu outro longa ("La Niña Santa", estreado ontem na Argentina) e se confirmou o mais proeminente nome da atual safra de cineastas argentinos, reconhecidos dentro e fora de seu país como autores de vigorosa "nova onda" cinematográfica.
Em 2003, o cinema argentino recebeu 165 prêmios internacionais, contabilizados por seu Instituto de Cinema e Artes Audiovisuais (Incaa). Neste ano, Daniel Burman, 30, venceu em Berlim ("El Abrazo Partido"), Martel, 37, compete pela Palma de Ouro em Cannes, com "La Niña Santa", enquanto Pablo Trapero ("El Bonaerense"), 32, participa do júri de curtas do festival. O novo filme de Trapero, "Familia Rodante", deverá disputar o Leão de Ouro na Mostra de Veneza (1º a 11/9).
A chegada ao Brasil da obra desses cineastas tem sido lenta (caso de "O Pântano") ou inexistente. Não foram comprados, por exemplo, "Mundo Grúa" (1999), que projetou Trapero, e "El Oso Rojo" (2002), que afirmou Adrián Caetano. Estão comprados e aguardam lançamento "El Bonaerense" (Trapero) e "Histórias Mínimas" (Carlos Sorín).
No ano passado, o Incaa e seu similar brasileiro, a Agência Nacional do Cinema (Ancine), firmaram convênio para distribuição recíproca de filmes. A Ancine oferece apoio financeiro (R$ 60 mil ou R$ 100 mil) aos distribuidores que queiram lançar títulos argentinos no Brasil, e o Incaa faz o mesmo lá. Foram aprovadas as propostas de lançamento de sete filmes argentinos no Brasil e de oito brasileiros na Argentina.
A previsão da Ancine é que todos estreassem até julho. Por enquanto, apenas um estreou -"Apaixonados", de perfil comercial-, com fraca bilheteria.
"A resistência do público aos filmes de língua espanhola está diminuindo, devido ao maior número de lançamentos. Mas permanecem as dificuldades para filmes de gênero mais popular, como é "Apaixonados'", afirma Rodrigo Saturnino, diretor da Columbia, que o lançou.
Sobre a demora no lançamento dos demais, Alberto Flaksman, superintendente de promoção e comércio exterior da Ancine, diz: "Mesmo com o apoio, os distribuidores se vêem às voltas com dificuldades de datas, num país de mercado exibidor muito estreito". O Brasil possui 1.800 salas.
A explicação para o atraso da chegada de "O Pântano" não esbarra na indisponibilidade de datas. "Foi uma questão burocrática mesmo. A gente não tinha verba para lançar o filme na ocasião. Depois houve transição e mudança de diretoria na empresa", diz Airton Correia, responsável pela distribuição na Riofilme, que detém o título desde 2001.
(SILVANA ARANTES)


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