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CINEMA/ESTRÉIA
"O Pântano" (2001), que projetou a cineasta Lucrecia Martel, estréia no país três anos depois de seu sucesso
Brasil vê onda argentina pelo retrovisor
DA REPORTAGEM LOCAL
"O Pântano" (2001), primeiro
longa-metragem da argentina Lucrecia Martel, estréia hoje em São
Paulo, com três anos de atraso.
No intervalo entre a conclusão
do filme e seu lançamento no Brasil, Martel concluiu outro longa
("La Niña Santa", estreado ontem
na Argentina) e se confirmou o
mais proeminente nome da atual
safra de cineastas argentinos, reconhecidos dentro e fora de seu
país como autores de vigorosa
"nova onda" cinematográfica.
Em 2003, o cinema argentino
recebeu 165 prêmios internacionais, contabilizados por seu Instituto de Cinema e Artes Audiovisuais (Incaa). Neste ano, Daniel
Burman, 30, venceu em Berlim
("El Abrazo Partido"), Martel, 37,
compete pela Palma de Ouro em
Cannes, com "La Niña Santa", enquanto Pablo Trapero ("El Bonaerense"), 32, participa do júri
de curtas do festival. O novo filme
de Trapero, "Familia Rodante",
deverá disputar o Leão de Ouro
na Mostra de Veneza (1º a 11/9).
A chegada ao Brasil da obra desses cineastas tem sido lenta (caso
de "O Pântano") ou inexistente.
Não foram comprados, por
exemplo, "Mundo Grúa" (1999),
que projetou Trapero, e "El Oso
Rojo" (2002), que afirmou Adrián
Caetano. Estão comprados e
aguardam lançamento "El Bonaerense" (Trapero) e "Histórias Mínimas" (Carlos Sorín).
No ano passado, o Incaa e seu
similar brasileiro, a Agência Nacional do Cinema (Ancine), firmaram convênio para distribuição recíproca de filmes. A Ancine
oferece apoio financeiro (R$ 60
mil ou R$ 100 mil) aos distribuidores que queiram lançar títulos
argentinos no Brasil, e o Incaa faz
o mesmo lá. Foram aprovadas as
propostas de lançamento de sete
filmes argentinos no Brasil e de
oito brasileiros na Argentina.
A previsão da Ancine é que todos estreassem até julho. Por enquanto, apenas um estreou
-"Apaixonados", de perfil comercial-, com fraca bilheteria.
"A resistência do público aos filmes de língua espanhola está diminuindo, devido ao maior número de lançamentos. Mas permanecem as dificuldades para filmes de gênero mais popular, como é "Apaixonados'", afirma Rodrigo Saturnino, diretor da Columbia, que o lançou.
Sobre a demora no lançamento
dos demais, Alberto Flaksman,
superintendente de promoção e
comércio exterior da Ancine, diz:
"Mesmo com o apoio, os distribuidores se vêem às voltas com
dificuldades de datas, num país de
mercado exibidor muito estreito". O Brasil possui 1.800 salas.
A explicação para o atraso da
chegada de "O Pântano" não esbarra na indisponibilidade de datas. "Foi uma questão burocrática
mesmo. A gente não tinha verba
para lançar o filme na ocasião.
Depois houve transição e mudança de diretoria na empresa", diz
Airton Correia, responsável pela
distribuição na Riofilme, que detém o título desde 2001.
(SILVANA ARANTES)
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