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CINEMA
Filme, que tem exibição especial hoje, no Espaço Unibanco, mostra dificuldade de comunicação de um casal
Tata Amaral desnuda a tragédia
Cena do filme "Um Céu de Estrelas", protagonizado por Alleyona Cavalli e Paulo Vespúcio Garcia
DANIELA ROCHA
da Reportagem Local
A cineasta Tata Amaral, 36, buscou construir uma tragédia em cinema que jogasse o espectador para dentro do filme em "Um Céu de
Estrelas", que estréia em São Paulo na sexta-feira.
O filme terá exibição especial hoje, às 20h30, no Espaço Unibanco
de Cinema, para abrir o debate
"Nova Dramaturgia no Cinema
Brasileiro", promovido pela Folha e pelo Espaço Unibanco de Cinema (leia texto nesta página).
A dramaturgia seguida por Tata
em "Um Céu de Estrelas" é tensa,
concentrada, que busca jogar o espectador para dentro do desespero
das personagens, segundo a cineasta. "Não é um discurso distanciado", afirma ela.
O filme é uma adaptação do romance homônimo de Fernando
Bonassi e conta a história de Dalva
(Alleyona Cavalli) que resolve desistir da vida que leva no bairro
paulistano da Moóca para participar da final de um concurso de cabeleireiras em Miami.
Mas ela encontra resistência do
ex-noivo, o metalúrgico desempregado Vítor (Paulo Vespúcio
Garcia). O filme começa quando
ela está arrumando as malas para
viajar. Tudo acontece dentro da
casa, os dois personagens ficam
confinados.
"Não é um filme agradável, não
é uma brincadeira. Está na hora de
levar a sério a vida", disse Tata.
Para ela, o filme dialoga com
questões fundamentais de hoje,
que são o amor, o sexo e a morte.
"Nem sempre esses são temas
agradáveis."
Para a cineasta, um de seus
maiores desafios era tornar uma
história confinada interessante.
"Tive muito cuidado para que a
tensão do filme não despencasse.
Ela sempre está crescendo, o que
torna o filme insuportável para algumas pessoas", disse.
Um recurso que Tata utilizou para isso foi fixar o ponto de vista
narrativo em Dalva. "A câmera
segue a Dalva. Se ela sai da sala, a
câmera sai com ela. O espectador
segue a história por meio dela. Foi
minha o opção dramática, mas
não é câmera subjetiva o tempo todo", disse.
A câmera está sempre muito
próxima dos atores. Cada movimento foi calculado, e os atores tiveram dois meses de estudo do
texto e ensaio. "Todos envolvidos
no projeto conheciam a história
profundamente. O texto foi precisamente construído", afirmou.
Há cenas de brigas que foram coreografadas e ensaiadas com aprumo, tal a precisão exigida nas filmagens.
Um dos maiores problemas enfrentados pelos personagens da
história, Dalva e Vítor, era o de comunicação. "Por isso, em muitos
momentos os personagens não falam, eles não têm possibilidade de
verbalização. O roteiro é permeado de subtextos, de intenções."
O filme já foi descrito como drama violento e claustrofóbico que
narra o desespero do casal trancado em uma casa na Moóca. "Nessa
situação a tragédia é iminente."
O cuidado na preparação do filme não ficou apenas nos atores. A
cineasta fez consultoria com a polícia militar e assistiu uma série de
fitas com o extinto telejornal
"Aqui Agora". "Vendo as reportagens percebi que, por mais que
'Um Céu de Estrelas' seja forte, a
realidade é mais punk ainda."
Apesar de estar estreando agora
no Brasil, o filme já tem extensa
carreira internacional: foi apresentado em festivais no Canadá,
França, EUA e Espanha.
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