São Paulo, sábado, 7 de junho de 1997.



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MÚSICA E CIÊNCIA
Compositor rebate críticas que recebeu por'Quanta'
Gilberto Gil debate seu disco com pesquisadores da Unicamp

FABIANO ALCÂNTARA
da Folha Campinas

O mais recente trabalho de Gilberto Gil, "Quanta", recebeu elogios dos pesquisadores que debateram com o músico anteontem na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
O professor-titular da faculdade de Educação, Rubem Alves, disse que a iniciativa de Gil de aproximar a ciência da arte é um importante passo para o resgate da relação beleza/conhecimento.
"Saboroso vem de saber, sábio quer dizer eu saboreio. Ciência é bom de se comer", disse Alves.
Gil reclamou das críticas que o disco vem recebendo.
"Tem gente que acha um absurdo um artista popular fazer samba com física quântica, mas, se o assunto me interessa, eu o reflito na minha arte", afirmou.
Gil iniciou sua palestra citando João Cabral de Melo Neto. "Para mim, o inconsciente não tem nada de metafísico. Ele está no ser humano como qualquer outra parte do seu corpo", disse.
Depois, leu um artigo do cientista Robert Louis Bernstein, publicado na revista "Science".
O texto citava as relações de grandes cientistas, como Einstein e Darwin, com a música.
O físico Newton Bernardes citou o choque mitológico entre Apolo e Dionísio para exemplificar a relação entre ciência e arte.
"Apolo simboliza a ciência, é o deus da certeza; Dionísio é a beleza e a arte", disse.
Cerca de 500 alunos e professores assistiram ao debate. Esse foi o terceiro encontro do músico com pesquisadores para debater o CD "Quanta" -os outros aconteceram na Universidade de Brasília e na Universidade Federal do Pará.



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