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TELEVISÃO
Candidatos irão à bancada do "Jornal Nacional" e negociam participar de debate até mesmo no "Programa do Jô"
Globo fará sua maior cobertura eleitoral
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Nunca os candidatos a presidente tiveram uma exposição tão
grande na TV como terão os
atuais. Será a maior cobertura da
Globo desde o retorno das eleições diretas, em 89, segundo proposta apresentada a representantes dos presidenciáveis.
A emissora vai enviar por escrito cópia da proposta para os candidatos nos próximos dias, para
que apresentem contrapropostas,
até chegar ao formato final.
Só no "Jornal Nacional", os quatro primeiros colocados nas pesquisas aparecerão duas vezes, ao
vivo ou em gravação feita pouco
antes de irem ao ar, por dez minutos cada um, na bancada do telejornal, sendo entrevistados por
William Bonner e Fátima Bernardes. As entrevistas acontecerão
possivelmente nos 45 dias anteriores ao primeiro turno.
No "Bom Dia Brasil", a exposição será ainda maior. Luiz Inácio
Lula da Silva (PT), José Serra
(PSDB), Anthony Garotinho
(PSB) e Ciro Gomes (PPS) serão
convidados para entrevistas individuais, ao vivo, de 15 a 20 minutos cada uma. No "Jornal da Globo", também haverá entrevistas
semelhantes às do "JN".
Além disso, na GloboNews
-canal pago da Globo-, os presidenciáveis serão convidados a
dar longas entrevistas para a jornalista Míriam Leitão. O "Jornal
das Dez", no canal, também terá
candidatos na bancada duas vezes, nos mesmos dias do "JN".
Os assessores foram informados ainda de que o "JN" pretende
fazer uma série de 48 reportagens,
de 12 de agosto a 5 de outubro, sobre problemas brasileiros.
"Todo ano tentamos fazer a melhor e maior cobertura", diz Carlos Henrique Schroder, diretor da
Central Globo de Jornalismo. "O
que diferencia este ano é que ampliamos o debate. Começamos a
ouvir os candidatos mais cedo. O
resumo é que queremos que os
candidatos debatam o que querem fazer pelo país."
Jô Soares
Os presidenciáveis terão ainda
de encontrar tempo para dois debates. Um formal, nos moldes já
conhecidos, no dia 3 de outubro
-o primeiro turno é no dia 6.
Um outro está em discussão para
o "Programa do Jô", com mediação do apresentador, até 30 de junho, já que a legislação permite
que sejam convidados alguns dos
concorrentes até essa data.
Lula não quer, pois sua candidatura será oficializada pelo PT nesse dia. Se for marcado para depois
de 1º de julho, todos os concorrentes têm de participar, o que
não agrada a Jô Soares.
Essa vasta programação foi
apresentada a representantes das
campanhas anteontem, numa
reunião na Globo do Rio. Participaram pela emissora Schroder e
Ali Kamel, diretor-geral de jornalismo. Pelos presidenciáveis, participaram, entre outros, o publicitário Duda Mendonça (Lula) e a
assessora de imprensa Andréa
Gouveia Vieira (Serra).
"Acho que a Globo está sendo
muito transparente", afirmou
Vieira, a assessora de Serra. "É
uma postura clara. Não me recordo de ter visto isso em eleições anteriores por parte de outros órgãos de imprensa."
As entrevistas ao vivo no principal telejornal da Globo -o "JN"
tem cerca de 27 milhões de telespectadores no país- serão com
tema livre. Isso obrigará os candidatos a se prepararem por todo o
dia para os dez minutos ao vivo
do começo da noite.
Outras emissoras, como a Bandeirantes, buscarão fazer uma
programação semelhante à da
Globo. Se os presidenciáveis aceitarem, a campanha será em grande parte eletrônica. No tempo livre que tiverem, os candidatos terão de ficar em estúdios para gravar a propaganda gratuita de rádio e de TV. Sobrará pouco para
campanha de rua.
"Cuidado"
Como terão grande exposição
nos telejornais da Globo, a líder
absoluta de audiência no país, os
presidenciáveis enfrentarão um
fato inédito nesta campanha: a
propaganda gratuita pode ser relegada a segundo plano pelo eleitor. "A alta exposição dos candidatos em programas de grande
audiência da TV Globo vai mudar, sem dúvida nenhuma, a cara
desta campanha", diz o publicitário Duda Mendonça.
"A Globo merece aplauso pela
medida altamente democrática,
pois dará a todos os concorrentes
oportunidades iguais. Mas é preciso ter muito cuidado, porque,
ainda que involuntárias, diferenças de tons e enfoques nas entrevistas podem beneficiar ou prejudicar candidaturas, com enorme
repercussão em toda a mídia do
país e, consequentemente, na cabeça do eleitor. É fundamental,
portanto, que a Globo tenha perfeita e plena consciência da exata
dimensão do papel que está assumindo no processo eleitoral e sobretudo diante da democracia
brasileira", diz Mendonça.
Não será permitido nas entrevistas ao vivo no "JN" que os candidatos façam menções desabonadoras a seus adversários. Se isso
acontecer, o entrevistado será repreendido e, se for o caso, o concorrente atacado terá direito de
resposta no noticiário do dia seguinte. A ordem das entrevistas
será sorteada.
A decisão da Globo de chamar
apenas os quatro primeiros colocados nas pesquisas poderá provocar uma disputa judicial. É possível que o número de concorrentes chegue próximo de dez. O minúsculo PSTU, de orientação
trotskista, já decidiu lançar o ex-sindicalista José Maria de Almeida. O Prona deve lançar novamente Enéas Carneiro, que será
com Lula o único a concorrer nas
quatro eleições diretas, desde 89.
A lei manda que os debates sejam com todos os concorrentes
que sejam filiados a partidos com
representação no Congresso. Há
uma brecha para programas jornalísticos. As emissoras podem
entrevistar livremente qualquer
candidato em seus noticiários.
Ainda assim, os que se sentirem
prejudicados por não serem convidados podem contestar o critério na Justiça.
Já ficou estabelecido que as imagens das entrevistas dos candidatos não poderão ser utilizadas por
eles em seus programas eleitorais.
A Globo também se comprometerá a não usar imagens editadas
de uma entrevista que foi ao vivo
em outros telejornais. Mesmo as
entrevistas para o "Jornal da Globo", que devem ser gravadas uma
ou duas horas antes de o telejornal ir ao ar, serão transmitidas na
íntegra, sem cortes.
Bandeirantes
A Bandeirantes também terá
uma cobertura intensa. A emissora já programou debates com os
presidenciáveis no primeiro e no
segundo turnos. No primeiro, o
debate ocorrerá em 14 de julho ou
em 4 de agosto. Segundo Fernando Mitre, diretor de jornalismo,
os assessores dos principais candidatos já aceitaram participar e
devem escolher nos próximos
dias uma das duas datas.
Além disso, a Band terá duas rodadas de entrevistas individuais
com os principais candidatos nos telejornais "Jornal da Band" e
"Jornal da Noite". A partir de agosto, colocará no ar o "Band
Eleições", semanal de uma hora que irá levantar os principais problemas do país e dos Estados.
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