|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sem decisões, "estréia" de ministro desagrada a executivos de TVs
DA REPORTAGEM LOCAL
Executivos de televisão ficaram decepcionados com o primeiro encontro oficial com o ministro das Comunicações, Juarez Quadros, depois da aprovação da lei
que libera o capital estrangeiro nas empresas de mídia.
Em debate realizado no 3º Fórum Brasil de Programação e Produção, anteontem, em SP, as TVs ficaram sem respostas a algumas das principais dúvidas do setor.
Não sabem, por exemplo, que tratamento será dado pelo governo às empresas de internet. A emenda constitucional que libera a entrada de capital estrangeiro na
mídia não deixa claro se a rede deve seguir as mesmas regras das
emissoras de rádio e televisão. Uma das principais exigências da
lei é a preservação do conteúdo nacional na programação.
Em seu pronunciamento, o ministro afirmou que, a princípio, a
internet não deve ser considerada
um serviço de telecomunicações
e, portanto, estaria fora das exigências da emenda. "Mas e o serviço de TV por internet?", foi uma
das perguntas da platéia. "Nesse
caso, deveremos avaliar. Talvez
seja configurado radiodifusão e aí
seria preciso concessão do governo", respondeu o ministro.
Representantes das TVs pagas
também demonstraram preocupação em relação à interpretação
da lei. Se a internet, um serviço
pago, não deve seguir as normas
da TV aberta, a televisão por assinatura -um contrato entre cliente e fornecedor- também não
deveria, na avaliação do setor.
Quadros também deixou essa
questão aberta e afirmou que
quer ouvir a opinião da sociedade
antes de tomar decisões.
TV digital
Como o debate sobre o capital
estrangeiro não avançava, executivos das TVs decidiram pressionar o ministro para que seja acelerada a decisão do padrão de TV
digital a ser adotado no Brasil.
Quadros afirmou que não poderia haver pressa para a decisão,
já que um erro seria drástico para
o país. Em sua defesa, falou Ara
Apkar Minassian, que coordena
os trabalho de TV digital na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Ele detalhou os passos que a agência está seguindo
para que seja apontado o padrão
para o Brasil (concorrem o japonês, o europeu e o americano).
Segundo ele, a Anatel está fazendo um levantamento de toda a
implementação de TV digital em
12 países para ver acertos e erros.
Também está estudando negociações de contrapartidas (o que cada governo daria em troca se o
Brasil adotasse o seu sistema).
Após os debates, os executivos
das emissoras de televisão avaliavam que nem a regulamentação
da entrada do capital estrangeiro
nem a decisão sobre TV digital
devem sair ainda neste ano.
Eleições
O que se dizia nos bastidores é
que essas decisões devem estar
atreladas ao processo eleitoral.
São mudanças cruciais para as
empresas de comunicação e, para
as TVs, o governo avalia que qualquer erro no segundo semestre
poderia trazer consequências indesejadas nos rumos das eleições.
(LAURA MATTOS)
Texto Anterior: Televisão: Globo fará sua maior cobertura eleitoral Próximo Texto: Panorâmica - Lançamento: Teatro da Vertigem é tema de debate Índice
|