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BIBLIOTECA FOLHA
Romance que inaugura coleção de livros a partir de amanhã teve impressão de 1,1 milhão de exemplares
"Lolita" bate recorde de tiragem no Brasil
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nunca houve uma mulher como Lolita. Pelo menos não para o
mercado editorial brasileiro. É
com ela, essa menina-moça criada por Vladimir Nabokov, que o
universo do livro nacional ganha
amanhã um novo recorde.
"Lolita", o livro mais famoso
desse escritor russo naturalizado
norte-americano, inaugura a coleção "Biblioteca Folha" com a
maior tiragem inicial que um romance já teve no Brasil.
Lançada com 5.000 cópias, em
Paris, em 1955, a história da menina de 12 anos e meio que seduz o
experiente professor Humbert
Humbert estará impressa em 1,1
milhão de exemplares, distribuídos gratuitamente para assinantes e leitores da Folha e do jornal
"O Globo", do Rio.
"É absolutamente chocante saber que estão fazendo no Brasil
uma tiragem de 1,1 milhão de
exemplares de "Lolita". Parece ser
o recorde mundial deste livro",
diz à Folha um dos grandes estudiosos da obra de Nabokov, o russo Maxim D. Shrayer.
Se o número impressiona o professor de literatura do Boston College, nos Estados Unidos, mais
espanto causa aqui no Brasil.
"Imprimo livros desde 1978 e
nunca ouvi falar de uma tiragem
deste porte para um romance",
afirma Mário César de Camargo,
presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf).
Segundo ele, só se produz quantidades semelhantes no país, de
uma só vez, para grandes compras governamentais -e de livros didáticos.
Para romances em geral, nacionais ou estrangeiros, vale lembrar, a tiragem média brasileira é
de 3.000 exemplares. Uma das
maiores impressões já feitas no
país de uma vez só, a do romance
"Onze Minutos" (editora Rocco),
do best-seller Paulo Coelho, foi de
200 mil cópias.
Para Vladimir Ranevsky, diretor-presidente no Brasil da segunda maior gráfica do mundo, a
R.R. Donnelley, o mais marcante
do 1,1 milhão de "Lolitas" é serem
elas impressas em capa dura, formato que terão todos os 30 títulos
da "Biblioteca Folha". "Nunca se
fez algo assim no Brasil."
Outra coleção de livros que está
sendo comercializada nas bancas
do país, também em capa dura, a
série "Obras-Primas", da editora
Nova Cultural, teve como tiragem
inicial 60 mil exemplares. O livro
de estréia era "Dom Quixote",
clássico de Miguel de Cervantes
que já tem quase 500 anos -o polêmico "Lolita" (censurado em
países como a África do Sul até
1982) tem menos de meio século.
"A "Biblioteca Folha" é uma iniciativa de coragem. Merece aplauso e nossa torcida", diz Janice Flórido, diretora da Nova Cultural.
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