São Paulo, terça-feira, 07 de junho de 2011

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Livro reconta contrastes e memórias de Bombaim

Obra de Suketu Mehta, indicado ao Pulitzer, mistura reportagem e ensaio

Vivendo em Nova York desde os 14 anos, autor volta à cidade de sua infância, que não havia conseguido abandonar

GABRIELA LONGMAN
DE SÃO PAULO

Toda megalópole é um organismo complexo. Vivendo num mesmo espaço, milhões de pessoas constroem redes de conexões, conchavos, vidas noturnas e maneiras próprias de morar e se alimentar.
Uma investigação sobre como a cidade de Mumbai, chamada Bombaim até 1995 e uma das mais populosas do mundo, vive e se movimenta foi traçada em "Bombaim: Cidade Máxima". Lançado em 2005, o livro de Suketu Mehta, indicado ao Pulitzer, desembarca agora no Brasil.
Mas o livro-reportagem é também um apanhado envolvente de memórias do autor, um pouco ao estilo do que fez Pamuk em seu "Istambul" -os dois autores, aliás, são amigos próximos.
Nascido em Calcutá, numa família de diamantários, ele cresceu na então Bombaim e aos 14 anos mudou-se para Nova York.
Seu retorno à Índia para escrever o livro -quase 20 anos após a partida- é uma volta emocional à cidade da infância, com sua miséria e violência.
Para recuperar a cidade do "tempo perdido" -ou do "tempo fantasma", em suas palavras-, passeou entre religiosos, políticos, atores de cinema, milionários ou miseráveis recolhendo histórias.
"A maravilha é que não havia rotina. Eu podia estar fora a noite toda com os gângsters e as prostitutas ou andar durante o dia e dormir cedo. Se alguém ligava eu estava sempre pronto", disse Mehta, por telefone, à Folha.
A cidade que descreve é uma cidade dura: cada milímetro é disputado arduamente (são aproximadamente 23 mil pessoas por km2; em São Paulo são 7.000).
É preciso conhecer as pessoas certas para conseguir uma ligação de gás ou uma vaga numa escola. Um apartamento ali pode custar mais do que em Manhattan.
"Existe agora um sentimento de confiança exuberante, uma fantasia de que esse vai ser um "século indiano". Ao mesmo tempo, outros fatos aparecem. Um deles é que há mais pessoas com acesso a celular do que a banheiros. E o país continua a ter a maior população mundial de analfabetos."
Quando esteve no Brasil, há dois anos, achou São Paulo "muito parecida" com Bombaim, cheia de contrastes. "Mas as favelas de São Paulo são melhores."

BOMBAIM: CIDADE MÁXIMA

AUTOR Suketu Mehta
EDITORA Companhia das Letras
TRADUÇÃO Berilo Vargas
QUANTO R$ 58 (584 págs.)


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