São Paulo, segunda, 7 de junho de 1999

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Nara, dez anos hoje

Uma década após sua morte, cantora será biografada e terá a obra lançada em CD

Folha Imagem
A cantora Nara Leão (1942-89), egressa da bossa nova, em foto dos 60


PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local

Hoje faz dez anos que morreu a artista que simbolizou de forma mais profunda as transformações que apanharam a música popular brasileira da reviravolta operada pela bossa nova, em 1958, ao pop comercial dos anos 80. Na década passada sem Nara Leão (1942-89), memórias se dissiparam e tardam a ser retomadas.
Alguns movimentos de retomada se insinuam, mas já perdem o timing da efeméride. A Universal, detentora de todo o catálogo da cantora nascida capixaba, mas carioca desde 1 ano de idade, postergou para setembro o prometido relançamento em CD de sua obra.
"A família de Nara quer muito que os 20 e tantos discos originais sejam relançados em CD, porque apenas uns cinco saíram até hoje", afirma o jornalista Marcelo Fróes, que coordenou a caixa-memória "Ensaio Geral", de Gilberto Gil, e trabalha no projeto para a Universal, sob supervisão de Isabel Diegues, filha de Nara com o cineasta Cacá Diegues.
A idéia, segundo Fróes, é relançar os discos originais com faixas-bônus. "Tive acesso à discoteca particular de Nara e lá pude localizar diversas participações obscuras da cantora, como nos discos de Sidney Miller, por exemplo. A Universal está analisando a melhor maneira de se relançar sua obra completa."
Outro projeto-homenagem que deve ficar para o final do ano é a biografia de Nara Leão, em que vem trabalhando -sob encomenda da família da cantora- o jornalista e pesquisador Sérgio Cabral, já autor de livros sobre Elizeth Cardoso e Ary Barroso, entre outros.
Concretizados, tais projetos devem dar a chance de se recompor pela primeira vez na íntegra a trajetória de uma artista que se moveu sobre todos os acontecimentos do país em que viveu, interferindo em política -em 1966, esteve sob ameaça de ser enquadrada na Lei de Segurança Nacional, por se insurgir abertamente contra o regime militar- e saltando tendências ao sabor de liberdade sem ímpar em sua classe.
Curvou à sua inquietação bossa nova, samba, canção de protesto, jovem guarda, Carmen Miranda, tropicalismo, cinema, canção romântica, folclore, a nova canção nordestina, pop oitentista. Pesquisadora fincada na MPB, é vez de ela se tornar objeto de pesquisa. Se o Brasil quiser.
² LEIA MAIS sobre Nara à pág. 6-7.



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