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São Paulo, segunda-feira, 07 de julho de 2003

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MUSICAL

Projeto baseado na trilogia de Tolkien tem orçamento de 8 milhões de libras, recorde para os padrões londrinos

Versão de "Senhor dos Anéis" será a mais cara já feita

IAN BURRELL
DO "INDEPENDENT"

"O Senhor dos Anéis" será adaptado na forma da mais suntuosa produção musical já encenada no West End londrino, com orçamento de 8 milhões de libras. O épico fantástico de J.R.R. Tolkien, exibido em sua versão cinematográfica na forma de três longas-metragens, será condensado na forma de um espetáculo de três horas para o palco de Londres.
O projeto conta com o apoio de Saul Zaentz, o produtor de cinema responsável por "Um Estranho no Ninho" e "O Paciente Inglês". Os produtores do musical estão à procura de um teatro de 2.000 lugares para encenar a produção, que deve estrear no segundo trimestre de 2005.
O orçamento de 8 milhões de libras fará de "O Senhor dos Anéis" o mais caro musical já encenado no Reino Unido, ultrapassando "Chitty Chitty Bang Bang" ("O Calhambeque Mágico"), cujo custo é estimado em cerca de 6,5 milhões de libras.
Será a primeira grande adaptação musical de "O Senhor dos Anéis" para o teatro, e o plano é de que a estréia coincida com o 50º aniversário de publicação da trilogia. Kevin Wallace, o produtor, começou a trabalhar no projeto dois anos atrás, antes que a primeira parte do épico fosse exibida como filme.
Wallace disse que "será completamente diferente de tudo que o West End já viu. Estamos trabalhando para recriar o mundo de fantasia de Tolkien no palco, e o espetáculo terá verdadeira magia e espanto, para a platéia".
Wallace, que produziu uma sucessão de musicais de Andrew Lloyd Webber, entre os quais "Jesus Cristo Superstar" e "Sunset Boulevard", persuadiu Zaentz de que o musical poderia ser fiel à obra-prima de Tolkien.
Zaentz controlava os direitos de adaptação cinematográfica e teatral do livro desde a década de 70. O produtor norte-americano se tornou membro honorário da Academia Britânica de Teatro na cerimônia dos prêmios Bafta, em Leicester Square, em fevereiro.
Ele usou a cerimônia de premiação para criticar o presidente George W. Bush. Disse que era membro da maioria de eleitores norte-americanos que não haviam sido reconhecidos na eleição presidencial, e acrescentou que "estamos vendo agora nos EUA a possibilidade de um governo absoluto dos poucos em benefício dos poucos. E qualquer meio de atingir esse objetivo é válido".
Wallace disse: "Se você pensa na integridade dos filmes que ele fez, pode dizer que a qualidade do trabalho vem em primeiro lugar com Saul, e ele é um produtor ferozmente independente, distante das convenções de Hollywood".
Em uma série de reuniões na Califórnia, Wallace convenceu Zaentz de que o projeto tinha méritos, e o musical foi aprovado em janeiro. De lá para cá, Wallace garantiu os serviços de Matthew Warchus, diretor de outros musicais no West End, entre os quais "Our House".
Rob Howell, que recentemente criou os cenários para a versão teatral londrina de "A Primeira Noite de um Homem", ficou com a tarefa de recriar a Terra Média no West End.
Wallace lembra que o teatro vem "produzindo épicos desde tempos imemoriais", como as tragédias gregas "Henrique 4º" e "Henrique 5º" de Shakespeare.
Ele também mencionou "O Rei Leão" como recente produção musical que trouxe com sucesso "a essência da África" aos palcos londrinos.
Wallace disse que a versão musical de "O Senhor dos Anéis" atrairia tanto os espectadores da trilogia cinematográfica quanto os leitores do texto original. "Fomos muito fiéis a Tolkien, em pouco menos de três horas, intervalo incluído." Todas as características importantes do livro em termos de personagens e eventos principais estariam presentes no palco, disse ele.
Será conduzida uma busca nacional por um ator para interpretar o jovem hobbit Frodo Baggins, papel que nos cinemas ficou a cargo de Elijah Wood.
Wallace diz que "há muitos papéis ótimos em "O Senhor dos Anéis", mas creio que o de Frodo será o mais importante". "Vamos procurar por toda parte até encontrar o nosso Frodo."


Tradução Paulo Migliacci


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