São Paulo, sexta-feira, 07 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CDs

Rock
She Wants Revenge
    
SHE WANTS REVENGE
Gravadora:
Universal; Quanto: R$ 33,50, em média
O mundo pop tem memória curta. Procure referências sobre o She Wants Revenge e você vai topar com gente dizendo que este duo de Los Angeles "parece" o Interpol. Parece, mas o negócio é bem mais sério. O que Justin Warfield e Adam Bravin fizeram mesmo foi reavivar velhos fantasmas do punk setentista. Aquele meio gótico e melódico de Joy Division, Siouxsie and the Banshees e outros. Em "Tear You Apart" (homenagem a "Love Will Tear Us Apart", do Joy Division?), um vocal meio rappeado é o que lembra que estamos nos anos 00. "I Don't Wanna Fall in Love" pende mais para o new wave, e "Broken Promises for Broken Hearts" é um resumo das boas letras de rasgar corações da dupla.
POR QUE OUVIR: Para saber se vale reconstruir o passado com peças do presente. Nesse caso, a resposta é sim. (SYLVIA COLOMBO)

Soul/r&b
The River in Reverse
   
ELVIS COSTELLO & ALLEN TOUSSAINT
Gravadora:
Universal; Quanto: R$ 22, em média
Entre um show e outro dedicado às vítimas do furacão Katrina, no ano passado, o romântico raivoso Elvis Costello reencontrou o antigo colaborador e ídolo Allen Toussaint. Surgiu daí este inspirado disco que, mesmo contendo músicas dos anos 60/70 do catálogo de Toussaint, consegue soar novo, tanto como protesto quanto como uma festa musical entre amigos. As antigas, como "Who's Gonna Help Brother Get Further", acabam adquirindo novos significados, enquanto novas composições, como "Broken Promise Land", resumem o estado de calamidade que se abateu em Nova Orleans ("uma guerra não-civilizada divide a nação").
POR QUE OUVIR: Não é sempre que a simpática idéia de gravar um disco para angariar fundos em prol de causas sociais resulta em música não-pedante como esta. (BRUNO YUTAKA SAITO)

Rap
The Big Bang
   
BUSTA RHYMES
Gravadora:
Universal; Quanto: R$ 33,50, em média
Na capa do CD, o rapper nova-iorquino dá a deixa do que pretende: ser o "líder da nova escola do rap". Para isso, Busta Rhymes se cerca de figurões, como Stevie Wonder, Missy Elliott, Q-Tip, Kelis e Will.I.Am (do Black Eyed Peas), alguns dos que dividem as rimas com ele, além de superprodutores como Dr. Dre e Timbaland, responsável pela ótima mistura sonora de "Get Down". O resultado não o põe na desejada liderança, porque às vezes soa repetitivo, mas também não o deixa fazer feio.
POR QUE OUVIR: Ainda que não tenha nada de muito inovador nem seja autor de rimas incríveis, Busta Rhymes tem bom gosto, um vocal decente e é bem relacionado. Destaque para faixas como "Touch It", "How We Do It Over Here", que tem participação de Missy Elliott, e "New York S***". (ADRIANA FERREIRA SILVA)

MPB
Maxximum
   
LANA BITTENCOURT
Gravadora:
Sony BMG; Quanto: R$ 22, em média
Ouvir Lana Bittencourt pela primeira vez em CD permite constatações aparentemente paradoxais: como boa parte de seu repertório envelheceu! E como sua voz era bonita, apesar dos excessos melodramáticos à anos 50. Cultuada por fiéis fãs da terceira idade e por uma fatia de público gay, Lana continua, aos 74, cantando aqui e ali. Mas muito de seu melhor está nesta coletânea, em especial "Quero-te Assim" (Tito Madi), "Longe É o Céu" (Tom Jobim) e "Chorou, Chorou" (Luiz Antonio). Também há coisas esquecíveis como uma "Summertime" abolerada e a comicamente sadomasô "Haja o que Houver", de Fernando Cesar: "Bata se quer me bater/ Será pra mim um prazer".
POR QUE OUVIR: Para se emocionar ou se divertir, a critério do freguês. (LUIZ FERNANDO VIANNA)

Pop
Corinne Bailey Rae
  
CORINNE BAILEY RAE
Gravadora:
EMI; Quanto: R$ 30, em média
Incensada pela mídia britânica, essa inglesinha de 26 anos foi comparada até à diva do jazz Billie Holiday, antes mesmo de seu álbum de estréia chegar às lojas. Na verdade, seu timbre vocal de adolescente lembra mais Rickie Lee Jones, em "Like a Star", delicada canção que abre o disco. Ligada à tradição da soul music, Corinne não faz feio, especialmente em faixas como a funkeada "Put Your Records On" ou "Call Me When You Get This", uma disco contemporânea temperada por guitarras e um naipe de cordas. O problema é que várias canções do álbum, todas assinadas pela cantora com diversos parceiros, soam medíocres.
POR QUE OUVIR: Corinne Bailey Rae exibe talento como cantora e compositora. Pena que a vontade de transformá-la em uma nova Norah Jones tenha comprometido sua estréia. (CC)

Pop/Dance music
I'm Going to Tell You a Secret
  
MADONNA
Gravadora:
Warner; Quanto: R$ 57,90, em média
No auge de sua chatice politicamente correta, Madonna gravou este CD/DVD ao vivo que registra a turnê "Re-Invention Tour". O falatório messiânico de "The Beast Within" (ninguém merece!) abre o disco, que segue irregular, com momentos empolgantes -por conta de hits das antigas, como "Vogue", "Like a Prayer" e "Holiday"-, e faixas que podem ser ignoradas, caso da desanimada "Lament" e da constrangedora versão para "Imagine" (John Lennon).
POR QUE OUVIR: Melhor dizer "por que ver". Já que o disco não traz nada de emocionante, vale pelo DVD, com cenas da "intimidade" da superstar, que a mostram selecionando e ensaiando os bailarinos para o show, sentindo frio na barriga antes de entrar no palco e contracenando com o marido, Guy Ritchie, e a filha. (AFS)


Texto Anterior: Artes plásticas: Cildo Meireles oficializa saída da 27ª Bienal
Próximo Texto: Crítica/jazz: Saxofonista Joe Henderson volta em obra-prima dos anos 90
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.