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HOMENAGEM
Vida do autor de "Estatutos do Homem' será exibida na Cultura
Thiago de Mello inspira peça,
documentário de TV e livro
da Sucursal do Rio
Apaixonado pela Amazônia e
cantando em prosa e verso sua
luta pela preservação da maior
floresta do mundo, o jornalista e
poeta Thiago de Mello, 72, será
tema de um documentário de
TV, uma peça de teatro e um livro de fotografias.
Ex-exilado político, amigo do
presidente Fernando Henrique
Cardoso, ele veio ao Rio, semana passada, para entregar os originais de seu livro de poesias
"Campo de Milagres" e falar do
projeto Thiago de Mello - 70
Anos de Amazônia.
Entrevistá-lo é falar do que ele
mais gosta: o seu amor pela
Amazônia, que lhe ensinou uma
"realidade mágica".
Autor do poema "Estatutos
do Homem", um grito em prol
da liberdade e da justiça, escrito
logo após a instauração do regime militar (1964-85) e que correu o mundo em várias traduções, o poeta vai ao ar, em novembro, pela TV Cultura.
Com direção de Carlos Castello Branco, 41, o Calico, da Produtora Quatro Filmes, o documentário fala da vida e da obra
do poeta, principalmente de sua
relação com a Amazônia, onde
mora na pequena cidade de Barreirinha (AM).
Fala também de encontros
com escritores como Pablo Neruda e Jorge Luís Borges. São
entrevistados amigos de Thiago
de Mello, como FHC e o escritor
e jornalista Carlos Heitor Cony,
do Conselho Editorial da Folha.
Um livro com poemas de
Thiago de Mello e 150 fotos em
preto-e-branco do poeta e da
Amazônia, tiradas por Maurício
Castello Branco, 16, com tiragem de mil exemplares, será
lançado até o final do ano.
Em março do ano que vem,
quando ele completa 73 anos,
será a vez do lançamento, no
Teatro Amazonas, em Manaus,
da peça "Thiago de Mello -
Animal da Floresta", dirigida
por Ítalo Rossi e com Carlos Vereza no papel do poeta.
A peça foi o estopim de todo o
projeto, concebido pela filha do
escritor, a atriz e produtora de
teatro Isabella Thiago de Mello,
28. Avesso a entrevistas, o poeta
afirma que só concordou com o
projeto por dois motivos.
O primeiro, por ter partido de
sua filha. O segundo, porque se
sentiu um pretexto para "plantar" na cabeça do brasileiro que
é preciso preservar a Amazônia.
Vivendo em uma casa projetada pelo amigo Lúcio Costa, que
morreu recentemente, Thiago
de Mello lamenta que ainda falte
consciência preservacionista no
país. Mas diz que não desiste de
acreditar que o próximo século
vai ver nascer um mundo novo.
"Já fiz a opção pela utopia. Tanto que acredito que a mentira
vai acabar e que a Amazônia será preservada para o bem."
Para Thiago de Mello, a maior
riqueza da floresta são os princípios químicos ativos de sua vegetação. "Já curei diabetes e outras doenças não com remédios
de farmácia, mas com remédios
da floresta."
Há quem diga que ele trabalha
como curandeiro, mas o poeta
nega. "Quem me dera."
Em uma curta pausa sobre a
Amazônia, ele abre espaço para
falar de FHC, que frequentava
sua casa no exílio, no Chile. Reconhecendo as dificuldades de
governar o país, Thiago de Mello diz que o amigo, como presidente, "é obrigado a almoçar
com gatunos". Apesar disso,
acredita nos ideais de FHC e defende a sua reeleição.
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