São Paulo, terça, 7 de julho de 1998

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HOMENAGEM
Vida do autor de "Estatutos do Homem' será exibida na Cultura
Thiago de Mello inspira peça, documentário de TV e livro

da Sucursal do Rio

Apaixonado pela Amazônia e cantando em prosa e verso sua luta pela preservação da maior floresta do mundo, o jornalista e poeta Thiago de Mello, 72, será tema de um documentário de TV, uma peça de teatro e um livro de fotografias.
Ex-exilado político, amigo do presidente Fernando Henrique Cardoso, ele veio ao Rio, semana passada, para entregar os originais de seu livro de poesias "Campo de Milagres" e falar do projeto Thiago de Mello - 70 Anos de Amazônia.
Entrevistá-lo é falar do que ele mais gosta: o seu amor pela Amazônia, que lhe ensinou uma "realidade mágica".
Autor do poema "Estatutos do Homem", um grito em prol da liberdade e da justiça, escrito logo após a instauração do regime militar (1964-85) e que correu o mundo em várias traduções, o poeta vai ao ar, em novembro, pela TV Cultura.
Com direção de Carlos Castello Branco, 41, o Calico, da Produtora Quatro Filmes, o documentário fala da vida e da obra do poeta, principalmente de sua relação com a Amazônia, onde mora na pequena cidade de Barreirinha (AM).
Fala também de encontros com escritores como Pablo Neruda e Jorge Luís Borges. São entrevistados amigos de Thiago de Mello, como FHC e o escritor e jornalista Carlos Heitor Cony, do Conselho Editorial da Folha.
Um livro com poemas de Thiago de Mello e 150 fotos em preto-e-branco do poeta e da Amazônia, tiradas por Maurício Castello Branco, 16, com tiragem de mil exemplares, será lançado até o final do ano.
Em março do ano que vem, quando ele completa 73 anos, será a vez do lançamento, no Teatro Amazonas, em Manaus, da peça "Thiago de Mello - Animal da Floresta", dirigida por Ítalo Rossi e com Carlos Vereza no papel do poeta.
A peça foi o estopim de todo o projeto, concebido pela filha do escritor, a atriz e produtora de teatro Isabella Thiago de Mello, 28. Avesso a entrevistas, o poeta afirma que só concordou com o projeto por dois motivos.
O primeiro, por ter partido de sua filha. O segundo, porque se sentiu um pretexto para "plantar" na cabeça do brasileiro que é preciso preservar a Amazônia.
Vivendo em uma casa projetada pelo amigo Lúcio Costa, que morreu recentemente, Thiago de Mello lamenta que ainda falte consciência preservacionista no país. Mas diz que não desiste de acreditar que o próximo século vai ver nascer um mundo novo. "Já fiz a opção pela utopia. Tanto que acredito que a mentira vai acabar e que a Amazônia será preservada para o bem."
Para Thiago de Mello, a maior riqueza da floresta são os princípios químicos ativos de sua vegetação. "Já curei diabetes e outras doenças não com remédios de farmácia, mas com remédios da floresta."
Há quem diga que ele trabalha como curandeiro, mas o poeta nega. "Quem me dera."
Em uma curta pausa sobre a Amazônia, ele abre espaço para falar de FHC, que frequentava sua casa no exílio, no Chile. Reconhecendo as dificuldades de governar o país, Thiago de Mello diz que o amigo, como presidente, "é obrigado a almoçar com gatunos". Apesar disso, acredita nos ideais de FHC e defende a sua reeleição.



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