São Paulo, terça, 7 de julho de 1998

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TEATRO
7º Fiac discute o sagrado nas artes cênicas

Divulgação
Cena do espetáculo da Chorus Repertory Company da Índia, que se apresenta no Fiac


ALVARO MACHADO
especial para a Folha

Começam a ser vendidos hoje os ingressos para o 7º Festival Internacional de Teatro e Artes Cênicas (Fiac), promovido pela atriz e empresária Ruth Escobar.
Este ano o evento adotou o subtítulo "A Presença do Sagrado nas Artes", com 11 companhias asiáticas e 17 espetáculos diferentes, todos ligados a tradições filosóficas e religiosas orientais, mesmo quando isso não é explícito, como no caso da representante do Japão.
A bilheteria do Teatro Municipal de São Paulo oferece lugares para a atração de abertura do Fiac, a Ópera de Pequim proveniente da cidade de Dalian, que faz quatro apresentações na casa a partir do próximo dia 16.
Os outros espetáculos acontecem nos teatros do Sesc em São Paulo: Vila Mariana, Pompéia e Ipiranga. Há ainda a opção de ingressos entregues a domicílio (leia quadro nesta página).
Pela unidade temática e importância dos grupos, o evento deste ano equipara-se, em impacto, às primeiras edições do festival.
Em 1974, no Fiac inaugural, Ruth Escobar trouxe pela primeira vez ao país o norte-americano Bob Wilson e a maratona teatral intitulada "Vida e Época de Dave Clark", com atos de cinco ou até 12 horas de duração, cuja influência foi marcante no meio teatral brasileiro.
No mesmo ano, foi montada ainda uma histórica "Yerma", de Garcia Lorca, com direção de Victor Garcia. Em anos subsequentes compareceram as vanguardas espanhola e portuguesa.
Ruth Escobar tem anunciado a intenção de delegar a produção do festival ao Sesc, entidade que este ano aparece como co-realizadora. Ela passaria a atuar apenas como diretora e programadora, secundada por assessores como o agente teatral húngaro Thomas Erdos.
A seleção "Presença do Sagrado" segue uma tendência internacional de redescoberta das expressões cênicas e rituais do Oriente, semelhante à que se iniciou na Europa no final do século 19, quando os Ballets Russes e artistas japoneses e chineses, entre outros, passaram a ser celebrados.
O atual Fiac comporta ainda, em suas entrelinhas, uma questão atual: a permanência ou perecimento de conceitos e características regionais no quadro aparentemente avassalador da "globalização". A maior parte dos espetáculos terá legendas eletrônicas em português.
Refletindo islamismo, budismo, hinduísmo, filosofia zen, sufismo, xamanismo e crenças animistas, o conjunto assume peso quase revolucionário no contexto do maior país católico do mundo, sem mencionar o contingente cristão. Leia nesta página o que prega ou celebra cada uma das companhias.



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