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Iraniana critica laço de Lula com Ahmadinejad
Azar Nafisi questiona presidente do Brasil por ser "amigo de um assassino"
No debate com Nafisi, israelense Yehoshua sugere ironicamente asilo de mandatário iraniano no Brasil
PLÍNIO FRAGA
ENVIADO ESPECIAL A PARATY
A escritora iraniana Azar
Nafisi, sob aplausos intensos
da plateia na Flip, ontem, criticou Lula por se dizer amigo
do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e por
ter, de início, evitado interceder na condenação à morte
por apedrejamento da iraniana Sakineh Ashtiani, por suposto crime de adultério.
"Lula primeiro disse que
não deveria intervir neste assunto. Mas precisa saber que
decidir não intervir já é uma
intervenção", disse a autora
de "Lendo Lolita em Teerã",
sobre experiência real de um
grupo de leituras discutindo
obras como as de Nabokov.
Nafisi declarou ter ficado
"feliz" depois que Lula ofereceu abrigo a Sakineh, mas
criticou a forma da declaração do presidente, quando
anunciou sua intervenção.
"Ele disse que pediu ao
amigo Ahmadinejad que, se
uma pessoa o deixa desconfortável, perturba-o, que esta
pessoa viesse para o Brasil.
Primeiro, ela não está perturbando ninguém. Ahmadinejad é que está perturbando
80% da população do Irã."
A escritora citou que o Irã
tem 75 jornalistas encarcerados e o maior número de presos políticos do mundo. "Todos virão para o Brasil?".
O conferencista que debateu com Nafisi, o escritor israelense Abraham B. Yehoshua, foi ovacionado quando
sugeriu: "É melhor deixar todos lá e trazer Ahmadinejad
para o Brasil. Quem sabe deixá-lo na Amazônia..."
Nafisi reclamou das relações de Lula com o presidente do Irã: "Esse sujeito é seu
amigo? Como pode ser amigo
de um assassino?" Ela lembrou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
apoia a campanha de liberação da cidadã iraniana.
Yehoshua apelou a Lula,
aos EUA e à Europa que ajudem a israelenses e palestinos a celebrarem a paz no
Oriente Médio. "É o mais antigo conflito do mundo moderno. Ajudem-nos a encontrar uma solução pacífica."
Em resposta a uma pergunta da plateia, o israelense
disse que parou de ler o português José Saramago, a
quem chamou de grande autor, depois que este comparou ação das forças de Israel
em Ramallah, na Palestina, à
morte de judeus em campos
de concentração.
"Esta comparação ofende
a inteligência de Saramago,
que foi um provocador. Eu o
conheci, li seus primeiros livros, mas ele sabia o que foi
Auschwitz e que a comparação é inaceitável."
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