São Paulo, sexta, 7 de agosto de 1998

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FIAC
Grupo do Templo de Kerala toca com Didá Banda Feminina no Sesc Pompéia durante o encerramento do festival
Indianos encontram baianas na percussão

VALMIR SANTOS
especial para a Folha

A percussão faz barulho neste 7º Festival Internacional de Artes Cênicas (Fiac). Diante da pluralidade sonora dos asiáticos, a identificação da platéia atinge a catarse. Foi assim na semana passada, por exemplo, quando espectadores subiram ao palco do Sesc Pompéia, ao final da apresentação, e formaram roda de dança com os sul-coreanos do simpático grupo Samulnori Hanulrim. Essa simbiose deve atingir sua plenitude nesta segunda-feira, último dia do festival, no encontro dos indianos do Grupo de Percussão do Templo de Kerala com as baianas da Didá Banda Feminina, no parque da Independência. Curiosamente, o grupo indiano é formado apenas por homens. "Já ouvimos falar muito da maravilhosa percussão brasileira", afirma a diretora artística do grupo, Savitry Nair, em entrevista concedida por fax. Mas ela não consegue citar nomes. Para as 19 meninas da Didá, formada há cinco anos, a dobradinha com cultura tão diversa não constitui novidade. "Tocamos com percussionistas indianos no PercPan do ano passado, aqui em Salvador", lembra o idealizador da banda, maestro Neguinho do Samba, 41. O grupo indiano mostra, a partir de hoje, no Sesc Pompéia, a base ritualística da sua percussão. "A energia, o ritmo e a força dos tambores da nossa terra costumam tocar fundo no coração e na alma de quem está ouvindo", garante Savitry. Os músicos do Kerala são comandados por Shankarankutty Marar, um dos principais responsáveis pela erudição e atualização da arte dos tambores em sua região. "Mundu"
O concerto se divide em dois segmentos: "Panchavadyam" e "Thayambaka". Formado por três instrumentos de percussão e dois de sopro, o "Panchavadyam" (o nome indica cinco instrumentos) simboliza o acompanhamento das divindades no ritual de carregar um ídolo em volta do templo -tradicionalmente, ele é levado no dorso de um elefante.
Já o "Thayambaka" concentra a percussão em estado puro. Daí sua popularidade nata, traduzindo o sagrado e o profano na música. No estado do Kerala (sudeste da Índia), esse ritual milenar é apresentado durante o pôr-do-sol, quando fiéis acendem lampiões para rezar.
Nos dois números, os músicos vestem o "mundu", espécie de saiote. Eles não podem entrar nos templos com ornamento. Os dorsos nus sincronizam a movimentação física e o ritmo pulsante dos tambores.

O quê: Grupo de Percussão do Templo de Kerala
Quando: hoje e amanhã, 21h; dom, 18h
Onde: Sesc Pompéia (rua Clélia, 93, Lapa, tel. 011/3871-7700)
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (comerciários, estudantes e maiores de 60)

Concerto: Grupo de Percussão do Templo de Kerala e Didá Banda Feminina
Quando: segunda-feira, 21h
Onde: parque da Independência (praça do Monumento, s/nº, Ipiranga)
Quanto: grátis (retirar ingressos com antecedência no Sesc Ipiranga, r. Bom Pastor, 822, tel. 011/3340-2000)



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