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POLÍTICA CULTURAL
Pesquisa inédita da Fundação João Pinheiro (MG) mapeou investimento no setor a partir de 80
Cultura movimenta R$ 6,5 bilhões em 97
PATRICIA DECIA
enviada especial ao Rio
Uma pesquisa encomendada pelo Ministério da Cultura e apresentada anteontem, no Rio, mostra que a produção cultural no
Brasil movimentou R$ 6,5 bilhões
em 97, ou cerca de 1% do PIB
(Produto Interno Bruto, soma das
riquezas produzidas no país).
O valor, menor do que o faturamento das Organizações Globo no
ano (R$ 6,8 bilhões), é uma projeção feita pela Fundação João Pinheiro, de Minas Gerais, a partir
de dados consolidados de 94.
No entanto, um levantamento
feito pela Folha somando o faturamento declarado por indústria fonográfica, mercado editorial e as
quatro principais redes de televisão (Globo, SBT, Bandeirantes e
Record) mostra que eles somam
pelo menos R$ 6,3 bilhões em 97.
A diferença nos números é explicada pelo secretário de Apoio à
Cultura, José Álvaro Moisés, a
partir da metodologia utilizada.
"O PIB envolve exclusivamente
dois volumes de recursos, a massa
de salários pagos e o excedente
econômico que os setores que formam o complexo cultural apropriam. Essa massa corresponde à
parte agregada à economia do
país. Nenhuma despesa corrente
faz parte do cálculo", afirmou
Moisés.
Segundo ele, simplificando muito a imagem do PIB, para facilitar
o entendimento, é possível dizer
que ele corresponde ao lucro bruto mais os salários pagos no complexo cultural.
A pesquisa foi apresentada pelo
ministro Francisco Weffort a representantes do setor cultural e
dos principais investidores privados, anteontem, durante o evento
"Quem Faz a Cultura? Um Debate: Produtor + Patrocinador + Mídia", na Associação Comercial do
Rio de Janeiro.
"Ter uma ordem de grandeza
sobre a participação da cultura na
economia, de 1% do PIB, já é dizer
alguma coisa. Temos que entender
que o significado econômico é que
é relevante", disse Weffort (leia
texto abaixo).
A pesquisa comparou também a
participação da cultura na economia com a de outros setores, como
saúde, que representa 2,2% do
PIB, e educação, responsável por
3,1% do total.
O trabalho da Fundação João Pinheiro levou em conta as atividades econômicas centrais do setor
cultural, as atividades de serviços
de entretenimento -como radiodifusão, salas de cinema e teatros- e da indústria de transformação -editoração de livros,
produção de equipamentos musicais e de uso na indústria fonográfica e de cinema, produção de fitas, películas e discos.
Além disso, a pesquisa incluiu as
atividades de comércio e de serviços auxiliares ligados à produção
cultural. O levantamento é retroativo a 80 e inclui também informações relativas a 85 e 91. As estatísticas compõem um trabalho inédito
para o setor cultural no Brasil.
O objetivo é montar uma base de
dados sobre o investimento em
cultura no país, tanto do setor público quanto do privado, que funcionará como ferramenta do ministério, dentro do governo, para
demonstrar a importância econômica da atividade cultural.
"Tivemos três objetivos. Primeiro, prestar contas ao público.
Em segundo lugar, ao fornecer um
diagnóstico da estrutura da economia da cultura, temos um instrumento de planejamento de política cultural. Em terceiro, a pesquisa também é referência para a
discussão que o MinC sempre tem
de fazer com a área econômica do
governo, com o Congresso e com
as empresas", disse Moisés.
Os números mostram que o governo federal investe menos do
que Estados e municípios, apesar
do crescimento verificado durante
o governo Fernando Henrique
Cardoso (leia quadro ao lado).
Verificam também que a aplicação das leis de incentivo fiscal (que
possibilitam desconto no Imposto
de Renda) coincide com a maior
entrada do setor privado na área,
verificando uma ampliação de
350% entre 90 e 97.
Mesmo assim, em 97, o investimento das empresas públicas superou o das privadas. "Isso decorreu de uma política explícita desse
governo de solicitar o investimento às estatais", disse o secretário.
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