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Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@folha.com.br
Adeus de Valentino abala Nova York
Aposentadoria do estilista rouba as atenções na abertura da principal fashion week dos EUA; Herchcovitch é destaque no primeiro dia de desfiles
Veio da Europa a notícia-bomba que agitou a abertura da
fashion week de Nova York, na
última quarta-feira: a aposentadoria de Valentino. O mestre italiano foi destaque no "New York
Times" e no "Financial Times",
enquanto o primeiro dia do
principal evento de moda americano passou em brancas nuvens nos jornais.
A semana de moda nova-iorquina -Mercedes-Benz Fashion Week, por causa do patrocinador- deslanchou a temporada primavera-verão 2008 do
hemisfério Norte. Ela vai até o
dia 12, seguida pela London
Fashion Week (de 15 a 20), a
Milano Moda Donna (de 22 a
29) e os desfiles do prêt-à-porter parisiense (de 30/9 a 7/10).
Para o "FT", o adeus de Valentino tem a ver com o avanço
das empresas de "private
equity" (fundos de investimento) sobre a moda, o que já começou a ocorrer no Brasil -vide a compra da Zoomp pela
HLDC Investimentos
No "NYT" a reportagem mais
"fashion" do dia inicial da semana de moda de Nova York foi
dedicada ao passado de militante de Hillary Clinton, que
junto com Barack Obama disputa a vaga do Partido Democrata para as eleições presidenciais do país, em 2008 -quando Maio de 68 faz 40 anos.
A reportagem sobre a jovem
Hillary nos anos rebeldes de
1968 foi estampada com uma
foto em que ela aparece de casaquinho e legging, falando ao
megafone para uma compenetrada platéia de estudantes.
As pesquisas de opinião
apontam um desejo de renovação nos EUA, depois dos dois
mandatos do republicano
George W. Bush -e as chances
dos democratas é bastante
grande nas eleições de 2008.
A perspectiva de que o país
mais poderoso do planeta seja
governado por uma mulher (ou
um negro, se Obama for escolhido) deverá mexer bastante
com os americanos -e terá certamente seu efeito na moda.
Os movimentos de Hillary e
certo esgotamento do romantismo fashion são alguns dos fatores que podem levar ao aparecimento de imagens femininas mais fortes e de sensualidade afirmativa nas principais coleções desta temporada.
A feminilidade destemida já
apareceu no primeiro dia da semana de Nova York com a coleção do brasileiro Alexandre
Herchcovitch, em que ele desconstruiu o smoking masculino
em trajes femininos, com resultados surpreendentes.
Carlos Miele e Rosa Chá são
as outras duas grifes brasileiras
que desfilam em Nova York. "A
coleção da Rosa Chá vai da vanguarda dadaísta à tropicalista",
contou o estilista Amir Slama,
após o desfile de Herchcovitch
-ao qual compareceram também o estilista Valdemar Iódice
e o curador Emilio Kalil.
Iódice veio aos EUA investigar se vale a pena desfilar com
sua marca em Nova York em
2008. Kalil está terminando de
acertar com Yoko Ono uma
grande retrospectiva em São
Paulo, em outubro, inclusive
com a famosa instalação "Love"
(1969), que fez John Lennon
cair de amores pela artista.
As grifes BCBG, Perry Ellis,
Rock & Republic e Abaeté, da
estilista Laura Poretzky -francesa que morou no Rio por vários anos e tem ascendência
brasileira-, também mostraram suas coleções.
Mestre dos vermelhos deixa passarelas
A ex-estilista da Gucci Alessandra Facchinetti assumirá a
direção criativa das coleções femininas da maison Valentino.
Ela ocupará o lugar do top designer italiano Valentino Garavani, 75, que anunciou sua aposentadoria na terça-feira.
Os anúncios do afastamento
de Valentino e da chegada de
Alessandra confirmaram os
boatos que vinham correndo
desde julho, quando o estilista
comemorou 45 anos de carreira com três dias de festas de luxo e uma exposição em Roma.
Giancarlo Giametti, sócio e
amigo do estilista desde o início
da grife, também se desligou da
maison nesta semana.
Valentino é considerado um
dos maiores estilistas em atividade, ao lado de nomes como
Yves Saint-Laurent, Giorgio
Armani e Karl Lagerfeld.
Conhecido por seus belíssimos longos vermelhos, que viraram sua marca registrada,
vestiu algumas das maiores estrelas de cinema de Hollywood,
entre elas, Audrey Hepburn e
Sophia Loren. Em 1964, ganhou notoriedade mundial ao
assinar o vestido de casamento
do ícone fashion Jackie Kennedy com Aristóteles Onassis.
Seu estilo esteve sempre ligado à idéia de uma sensualidade
elegante, que abria mão de
grandes inovações e ousadias
em nome da valorização dos
traçados do corpo feminino.
Valentino fundou a maison
que leva seu nome na década de
60. Em 1998, o estilista e seu sócio Giammetti venderam a empresa por US$ 300 milhões ao
conglomerado italiano HdP.
Em 2002, a maison foi para as
mãos do Marzotto Apparel, poderoso grupo têxtil de Milão.
Em 2005, a direção do Marzotto reuniu as grifes de sua
propriedade -entre elas, a Valentino e a Hugo Boss- no Valentino Fashion Group. Em
2007, o grupo vendeu 56,6% de
suas ações ao fundo de investimentos britânico Permira.
Mesmo com a troca de donos,
Valentino manteve, até agora, o
posto de diretor criativo.
Seu desfile na semana de moda de Paris, em outubro, será o
penúltimo à frente da grife que
criou. O último acontece em janeiro de 2008, na temporada de
alta-costura. Depois, Valentino
deve se dedicar a novos projetos, "alguns ligados à moda", segundo sua carta de despedida.
com VIVIAN WHITEMAN
Puma abre duas lojas em 2008
Queridinha dos modernos
adeptos do streetwear esportivo, a grife alemã Puma, que recentemente nomeou um novo
gerente-geral para o Brasil, está
cheia de planos para ampliar
sua atuação no mercado local.
Além da inauguração de duas
novas lojas no país em 2008, a
empresa ampliará e agilizará a
distribuição de suas linhas
mais sofisticadas por aqui e já
pensa em fazer parcerias com
designers brasileiros para a
criação de coleções especiais.
"Estamos interessados nos talentos locais, gente ousada e
com espírito inovador", diz
João Luis de Castro, 46, novo
gerente-geral para o Brasil, que
assumiu o posto há dois meses.
No exterior, a empresa já lançou coleções assinadas por designers como Alexander
McQueen e Philippe Starck.
Esses e outros produtos com
assinaturas famosas e maior investimento em tecnologia e design fazem parte da linha
"black station", que, a partir
deste ano, passa a chegar ao
Brasil mais rapidamente.
Até 2008, os lançamentos no
Brasil devem ser simultâneos
com o resto do mundo.
A Puma tem hoje nove lojas
no Brasil, três em São Paulo. O
número inclui antigas franquias que, neste ano, foram
transformadas em lojas próprias. "Sofremos uma reestruturação e agora vivemos uma
nova fase, com planos de ação
que vão até 2010", conta Carlos
Laje, 37, gerente-geral da Puma
para a América Latina.
A nova fase da empresa, aliás,
é mundial. Neste ano, o grupo
francês PPR (Pinault-Printemps-Redoute), dono de grifes
de luxo como Gucci e Balenciaga, comprou 62,1% (27% foram
adquiridos em abril, e o restante, em julho) da Puma. Depois
do anúncio, as ações da companhia chegaram a subir 8%.
No balanço do primeiro semestre de 2007, a empresa contabilizou 1,4 bilhão em vendas mundiais, um aumento de
5% em relação a 2006.
Os tênis ainda são os produtos mais vendidos. Por ano, são
lançados 8 mil modelos, dos
mais básicos às linhas com
maior investimento tecnológico, específicas para esportes
como corrida e golfe. A Puma
produz ainda acessórios e roupas. As vendas da linha de vestuário cresceram 5,8% neste
semestre, contra 5,5% dos tênis e 3,8% dos acessórios.
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