São Paulo, sexta-feira, 07 de setembro de 2007

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Última Moda

ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@folha.com.br

Adeus de Valentino abala Nova York

Aposentadoria do estilista rouba as atenções na abertura da principal fashion week dos EUA; Herchcovitch é destaque no primeiro dia de desfiles

Veio da Europa a notícia-bomba que agitou a abertura da fashion week de Nova York, na última quarta-feira: a aposentadoria de Valentino. O mestre italiano foi destaque no "New York Times" e no "Financial Times", enquanto o primeiro dia do principal evento de moda americano passou em brancas nuvens nos jornais.
A semana de moda nova-iorquina -Mercedes-Benz Fashion Week, por causa do patrocinador- deslanchou a temporada primavera-verão 2008 do hemisfério Norte. Ela vai até o dia 12, seguida pela London Fashion Week (de 15 a 20), a Milano Moda Donna (de 22 a 29) e os desfiles do prêt-à-porter parisiense (de 30/9 a 7/10).
Para o "FT", o adeus de Valentino tem a ver com o avanço das empresas de "private equity" (fundos de investimento) sobre a moda, o que já começou a ocorrer no Brasil -vide a compra da Zoomp pela HLDC Investimentos
No "NYT" a reportagem mais "fashion" do dia inicial da semana de moda de Nova York foi dedicada ao passado de militante de Hillary Clinton, que junto com Barack Obama disputa a vaga do Partido Democrata para as eleições presidenciais do país, em 2008 -quando Maio de 68 faz 40 anos.
A reportagem sobre a jovem Hillary nos anos rebeldes de 1968 foi estampada com uma foto em que ela aparece de casaquinho e legging, falando ao megafone para uma compenetrada platéia de estudantes.
As pesquisas de opinião apontam um desejo de renovação nos EUA, depois dos dois mandatos do republicano George W. Bush -e as chances dos democratas é bastante grande nas eleições de 2008.
A perspectiva de que o país mais poderoso do planeta seja governado por uma mulher (ou um negro, se Obama for escolhido) deverá mexer bastante com os americanos -e terá certamente seu efeito na moda.
Os movimentos de Hillary e certo esgotamento do romantismo fashion são alguns dos fatores que podem levar ao aparecimento de imagens femininas mais fortes e de sensualidade afirmativa nas principais coleções desta temporada.
A feminilidade destemida já apareceu no primeiro dia da semana de Nova York com a coleção do brasileiro Alexandre Herchcovitch, em que ele desconstruiu o smoking masculino em trajes femininos, com resultados surpreendentes.
Carlos Miele e Rosa Chá são as outras duas grifes brasileiras que desfilam em Nova York. "A coleção da Rosa Chá vai da vanguarda dadaísta à tropicalista", contou o estilista Amir Slama, após o desfile de Herchcovitch -ao qual compareceram também o estilista Valdemar Iódice e o curador Emilio Kalil.
Iódice veio aos EUA investigar se vale a pena desfilar com sua marca em Nova York em 2008. Kalil está terminando de acertar com Yoko Ono uma grande retrospectiva em São Paulo, em outubro, inclusive com a famosa instalação "Love" (1969), que fez John Lennon cair de amores pela artista.
As grifes BCBG, Perry Ellis, Rock & Republic e Abaeté, da estilista Laura Poretzky -francesa que morou no Rio por vários anos e tem ascendência brasileira-, também mostraram suas coleções.

Mestre dos vermelhos deixa passarelas

A ex-estilista da Gucci Alessandra Facchinetti assumirá a direção criativa das coleções femininas da maison Valentino. Ela ocupará o lugar do top designer italiano Valentino Garavani, 75, que anunciou sua aposentadoria na terça-feira.
Os anúncios do afastamento de Valentino e da chegada de Alessandra confirmaram os boatos que vinham correndo desde julho, quando o estilista comemorou 45 anos de carreira com três dias de festas de luxo e uma exposição em Roma.
Giancarlo Giametti, sócio e amigo do estilista desde o início da grife, também se desligou da maison nesta semana.
Valentino é considerado um dos maiores estilistas em atividade, ao lado de nomes como Yves Saint-Laurent, Giorgio Armani e Karl Lagerfeld.
Conhecido por seus belíssimos longos vermelhos, que viraram sua marca registrada, vestiu algumas das maiores estrelas de cinema de Hollywood, entre elas, Audrey Hepburn e Sophia Loren. Em 1964, ganhou notoriedade mundial ao assinar o vestido de casamento do ícone fashion Jackie Kennedy com Aristóteles Onassis.
Seu estilo esteve sempre ligado à idéia de uma sensualidade elegante, que abria mão de grandes inovações e ousadias em nome da valorização dos traçados do corpo feminino.
Valentino fundou a maison que leva seu nome na década de 60. Em 1998, o estilista e seu sócio Giammetti venderam a empresa por US$ 300 milhões ao conglomerado italiano HdP. Em 2002, a maison foi para as mãos do Marzotto Apparel, poderoso grupo têxtil de Milão.
Em 2005, a direção do Marzotto reuniu as grifes de sua propriedade -entre elas, a Valentino e a Hugo Boss- no Valentino Fashion Group. Em 2007, o grupo vendeu 56,6% de suas ações ao fundo de investimentos britânico Permira. Mesmo com a troca de donos, Valentino manteve, até agora, o posto de diretor criativo.
Seu desfile na semana de moda de Paris, em outubro, será o penúltimo à frente da grife que criou. O último acontece em janeiro de 2008, na temporada de alta-costura. Depois, Valentino deve se dedicar a novos projetos, "alguns ligados à moda", segundo sua carta de despedida.


com VIVIAN WHITEMAN

Puma abre duas lojas em 2008

Queridinha dos modernos adeptos do streetwear esportivo, a grife alemã Puma, que recentemente nomeou um novo gerente-geral para o Brasil, está cheia de planos para ampliar sua atuação no mercado local.
Além da inauguração de duas novas lojas no país em 2008, a empresa ampliará e agilizará a distribuição de suas linhas mais sofisticadas por aqui e já pensa em fazer parcerias com designers brasileiros para a criação de coleções especiais. "Estamos interessados nos talentos locais, gente ousada e com espírito inovador", diz João Luis de Castro, 46, novo gerente-geral para o Brasil, que assumiu o posto há dois meses.
No exterior, a empresa já lançou coleções assinadas por designers como Alexander McQueen e Philippe Starck.
Esses e outros produtos com assinaturas famosas e maior investimento em tecnologia e design fazem parte da linha "black station", que, a partir deste ano, passa a chegar ao Brasil mais rapidamente.
Até 2008, os lançamentos no Brasil devem ser simultâneos com o resto do mundo.
A Puma tem hoje nove lojas no Brasil, três em São Paulo. O número inclui antigas franquias que, neste ano, foram transformadas em lojas próprias. "Sofremos uma reestruturação e agora vivemos uma nova fase, com planos de ação que vão até 2010", conta Carlos Laje, 37, gerente-geral da Puma para a América Latina.
A nova fase da empresa, aliás, é mundial. Neste ano, o grupo francês PPR (Pinault-Printemps-Redoute), dono de grifes de luxo como Gucci e Balenciaga, comprou 62,1% (27% foram adquiridos em abril, e o restante, em julho) da Puma. Depois do anúncio, as ações da companhia chegaram a subir 8%.
No balanço do primeiro semestre de 2007, a empresa contabilizou 1,4 bilhão em vendas mundiais, um aumento de 5% em relação a 2006.
Os tênis ainda são os produtos mais vendidos. Por ano, são lançados 8 mil modelos, dos mais básicos às linhas com maior investimento tecnológico, específicas para esportes como corrida e golfe. A Puma produz ainda acessórios e roupas. As vendas da linha de vestuário cresceram 5,8% neste semestre, contra 5,5% dos tênis e 3,8% dos acessórios.


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