São Paulo, sexta-feira, 07 de setembro de 2007

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Cinema - Crítica/"A Hora do Rush 3"

Com humor incorreto, dupla de policiais faz entretenimento rápido

Em novo episódio da série, "tira" negro e "tira" asiático vão a Paris para investigar organização criminosa chinesa

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Diante da impossibilidade de fazer uma aventura de James Bond, George Lucas e Steven Spielberg adaptaram para o formato de longa-metragem a estrutura episódica dos seriados de ação que viam na infância em "Os Caçadores da Arca Perdida" (1981). Desde então, o conceito de montanha-russa, com diversos blocos de peripécias e picos de tensão ao longo do filme, se tornou dominante no gênero.
Indiana Jones, não por acaso, dá as caras em uma tela de TV em "A Hora do Rush 3". A menção ao herói-arqueólogo assinala de onde vem a matriz, mas também funciona para sublinhar, com humor escrachado, a diferença entre uma coisa e outra. Aqui, o terreno é o da paródia (a gêneros e subgêneros, em especial a aventura e o policial) e do pastiche (a ícones da cultura de massa).
O desenho da franquia já havia sido bem delineado nos dois primeiros longas, de 1998 e de 2001. Ambos foram dirigidos por Brett Ratner.
De volta ao universo de "A Hora do Rush" para rodar esse episódio, Ratner inclui no pacote a auto-referência -uma das cenas com erros de filmagem que acompanham os créditos finais menciona o seu nome e usa sua gargalhada.
Desta vez, detetive Carter (Chris Tucker) e inspetor Lee (Jackie Chan) se reúnem para investigar uma organização criminosa chinesa. A missão os leva de Los Angeles até Paris, onde localizam e depois tentam proteger uma mulher fatal (Noémie Lenoir) cuja sobrevivência é fundamental para a elucidação do caso.
Além de atualizar o repertório de piadas em torno da sintonia torta entre "tira" negro e "tira" asiático, a trama envolve também o reaparecimento de uma jovem do primeiro filme, filha de embaixador (agora interpretada por Jingchu Zhang), e a apresentação de um personagem misterioso (Hiroyuki Sanada) que emerge do passado obscuro de Lee.
Dois atores de primeiríssimo time brincam com as imagens que construíram ao longo da carreira: Max von Sydow, como um diplomata francês, em reedição do que fez em "Minority Report" (2002), e o também cineasta Roman Polanski, como um policial parisiense que lembra sua breve aparição em "Chinatown" (1974).
O deslocamento geográfico da trama, por sua vez, fornece mais à trama do que apenas as paisagens de cartão-postal. Estereótipos sobre franceses e norte-americanos são esgrimidos, com aspereza incomum, nessa comédia de ação cujo humor politicamente incorreto parece alertar que não tem compromisso com nada, exceto com a graça e com os cifrões.


A HORA DO RUSH 3
Produção:
EUA, 2007
Direção: Brett Ratner
Com: Chris Tucker, Jackie Chan
Quando: em cartaz no Bristol, Butantã e circuito
Avaliação: bom


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