São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2008

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CRÍTICA

Aranha expõe figura do "anti-super-herói"

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

É irônica a sorte de Peter Parker. Não lhe basta ter contra si a imprensa, ainda é preciso que tenha de ganhar a vida trabalhando para o jornal que o difama. Mais precisamente: vendendo as fotografias das proezas de seu alter ego, o Homem-Aranha (Tobey Maguire), às quais ele tem acesso, claro, com exclusividade.
A necessidade de manter sua identidade secreta o afasta da amada Mary Jane (Kirsten Dunst) quando mais ele quer se aproximar. Tudo o que faz visando ao bem parece provocar catástrofes à sua volta.
A impotência por vezes o atormenta. Quando lança sua teia, ela, vez ou outra, falha. Estamos nisso, na constatação de que o Homem-Aranha é mais do que tudo um anti-super-herói, quando um inimigo volta a aparecer. Agora, em "Homem-Aranha 2" (TNT, 17h15; livre), ele é o doutor Octopus.
Na verdade, quase não importa o inimigo. Nessas aventuras, pesa mais a coexistência entre possível e impossível, imaginação descabelada misturada aos elementos mais banais do cotidiano. Exemplo: os parentes de Peter Parker são tipos discretíssimos; já o chefe do jornal é uma hipérbole ambulante.
É nesse estranho ambiente que o Parker-Aranha vai se enrolando em sua teia de adolescente, apertado entre equacionar questões angustiantes da vida e a obrigação, tão premente quanto, de salvar a humanidade. Eis aí um herói inteligente e nunca pernóstico.


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