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MÚSICA
O compositor, arranjador e violonista paulistano lança disco com participações especiais de cantores e solistas
Eduardo Gudin tira chapéu para o samba
CARLOS BOZZO JUNIOR
especial para a Folha
O disco "Notícias Dum Brasil II:
Pra Tirar o Chapéu", o 11º da carreira de Eduardo Gudin, que está
sendo lançado pela RGE, tem a
participação de vários cantores e
solistas.
Em entrevista à Folha, Gudin
contou como é difícil viver de samba em São Paulo.
Folha - O que caracteriza a legitimidade de um samba?
Eduardo Gudin - É difícil de explicar. Mas ele é legítimo quando
apresenta uma linguagem, que defino como "banzo", que é um tipo
de sentimento. As pessoas do ramo sabem quando um samba tem
isso. Às vezes falam que é a síncope, mas como o blues, no samba
existe um tipo de lamento característico.
Folha - Para fazer um samba bom
é preciso ser pobre?
Gudin - Não, isso é um preconceito, uma bobagem. Na realidade,
isso é uma linha que se adotou na
MPB para se fazer uma crítica em
cima da classe social. Não tem absolutamente nada a ver. Quem faz
bem, faz bem. Pode ser pobre, rico
ou classe média.
Folha - Quantos tipos de samba
existem?
Gudin - Eu não sei todas as ramificações. Há vários tipos de samba.
Djavan faz um samba bem próprio, que é maravilhoso. A bossa
nova é um samba. Uma vez falei
para o Tom Jobim que ele era um
sambista, e ele adorou ouvir isso,
porque ninguém gostava desse rótulo "bossa nova". Tem muito tipo
de samba.
Folha - Qual é o tipo de samba
que você faz?
Gudin - Faço um samba que vem
de pessoas que me influenciaram
diretamente, como Chico Buarque, Baden Powell, Elton Medeiros, Paulinho da Viola, e, por trás
de todo mundo, o Tom Jobim.
Folha - O que você escutava
quando era criança?
Gudin - Sou praticamente um
sambista de vitrola, porque descobri o samba pelo meu toca-discos.
Eu não tive a vivência de encontros
de morro ou escolas de samba.
Folha - O músico e sambista Donga (1889-1974), em um depoimento concedido ao Museu da Imagem
e do Som do Rio de Janeiro, em 68,
afirma que a marcação do ritmo do
samba estava sendo alterada.
Quais foram as principais mudanças que o samba sofreu desde que
você começou a compor?
Gudin - Muita gente mudou o
samba. João Gilberto, João Bosco...
O próprio Paulinho da Viola fez do
samba tradicional uma coisa literária e diferente, o Baden trouxe
um samba novo, que influenciou
toda a música brasileira com inserções de elementos africanos.
Então, o samba vem sofrendo
transformações há muito tempo,
algumas boas e outras que o descaracterizam por completo.
Folha - É fácil viver de samba em
São Paulo?
Gudin - Não, é difícil. A cidade vê
o samba distante. Se o cara vem do
morro, será reverenciado certamente.
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Disco: Notícias do Brasil II: Pra Tirar o
Chapéu
Artista: Eduardo Gudin
Lançamento: RGE
Quanto: R$ 18, em média
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Hoje, excepcionalmente, deixamos de publicar a
coluna de
Fernando Gabeira
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