|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lynyrd Skynyrd
EDSON FRANCO
da Reportagem Local
Assim como as motos Harley
Davidson, a banda de rock Lynyrd
Skynyrd é ícone de um passado
norte-americano que se dilui na
Internet, mas não morre. Prova
disso é "Twenty", novo CD do
grupo, criado por colegiais em 73.
Pelo lado musical -insuficiente
para explicar o status de lenda que
a banda atingiu nos EUA-, a fórmula do grupo aparece inalterada.
Um pouco de country, outro
tanto de blues, tudo revestido com
uma controlada fúria roqueira nos
vocais. E há as guitarras, dominadoras, sobrepostas. É música para
ouvir num Cadillac sem capota sobre uma estrada deserta. Resumindo, desde os anos 70, o que a banda
faz é o velho e bom rock sulista.
Apesar do viés urbano, as novas
composições têm as duas botas
atoladas em estrume de vaca. Coisa de macho. De um tempo em que
se trocaria todos os Grammy pelo
adjetivo "honesto" ligado ao seu
trabalho. E honestidade é o que
não falta nas 12 faixas do CD.
Ela reside no crescendo de guitarra e voz na roqueira "We Ain't
Much Different". No piano como
um instrumento de percussão na
quase stoneana "Bring It On". Na
inserção pelo blues eletrificado em
"Berneice".
Por fim, há "Travelling Man",
única regravação no CD. E é nela
que outros aspectos da mitologia
do Lynyrd Skynyrd vêm à tona.
No dia 20 deste mês, completam-se 20 anos de um acidente aéreo que matou três integrantes da
banda, feriu gravemente os demais
e deu título ao CD, 20, em inglês.
Pois bem, entre os mortos estava
o vocalista Ronnie van Zant, que
teve sua interpretação de "Travelling Man" recuperada e inserida
nos arranjos atualizados pela formação contemporânea do grupo.
Nenhuma novidade. O que separa a iniciativa da banda de outras
mais oportunistas, tipo Natalie
Cole, é o fato de Ronnie fazer um
dueto com o novo vocalista, que
tem a mesma visceralidade no canto e o mesmo sobrenome, Johnny
van Zant, seu irmão caçula.
Em vez de melancólica, "Travelling Man" assume um caráter de
festa mediúnica, de intermediário
entre dois mundos. Purgar a dor
nunca foi tão prazeroso.
Em "Twenty" não há os clássicos inquestionáveis como "Sweet
Home Alabama" ou "Free Bird".
Mas o trabalho passa a certeza de
que a flama do Lynyrd Skynyrd
continua acesa. E em boas e competentes mãos.
Disco: Twenty
Grupo: Lynyrd Skynyrd
Lançamento: BMG
Quanto: R$ 18, em média
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|