São Paulo, sábado, 07 de outubro de 2000

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MÚSICA
Viúva de Lennon inaugura museu em homenagem ao beatle e lança dois CDs históricos em versões remasterizadas
Yoko Ono se reconcilia com sua história

DE NOVA YORK

Yoko Ono, a controversa mulher de John Lennon, que já foi chamada de "quinto beatle", mas também de coisas piores, como "Madame Mao do Rock", acusada de ser o pivô do fim do grupo, teve uma semana agitada.
Começou com a carta que enviou na segunda-feira à Comissão de Condicional de Nova York pedindo que os integrantes não soltassem Mark David Chapman, o assassino de seu marido.
"Não é fácil para mim escrever esta carta, uma vez que ainda é muito dolorido pensar no que aconteceu naquela noite e verbalizar meus pensamentos de uma maneira lógica", começa o texto.
"Com seu único ato de violência, o "sujeito" cuidou de mudar minha vida inteira, devastar os filhos (de Lennon) e trazer profunda tristeza e medo para o mundo. Foi, certamente, o poder de destruição trabalhando", continua.
"(Sua soltura) dará um sinal verde para os outros que quiserem seguir as pegadas do "sujeito" para receber a atenção do mundo. Temo que vá trazer de volta o pesadelo, o caos e a confusão. Eu e os dois filhos de John não nos sentiríamos seguros pelo resto de nossas vidas. Pessoas que estão em posição de alta visibilidade como John também se sentirão inseguras", conclui.
A condicional foi negada e Chapman, condenado à prisão perpétua, só pode fazer novo pedido daqui a dois anos.
Depois, ela foi ao lançamento do livro "Lennon Remembers: The Full Rolling Stone Interviews from 1970", cujo prefácio é de sua autoria. Na obra, o publisher da revista, Jann Wenner, reedita a famosa entrevista (que já havia saído em livro), dessa vez sem cortes.
Quando se encontrou com o jornalista, o ex-beatle exigiu que ele nunca publicasse o resultado em livro, apenas na revista. Wenner não respeitou o acordo já na época, o que lhe valeu palavras amargas de Lennon.
Agora, se reconcilia em nome da família. Escreve na abertura: ""Lennon Remembers" é um clássico Lennon. Não é uma leitura fácil. É uma pancada em seus nervos como um mau espresso. Pessoas de estômago fraco deveriam fechar a janela antes de lê-lo. Elas podem sentir vontade de pular...".
Por fim, anteontem, a viúva inaugurou na cidade de Yono, a 25 quilômetros de Tóquio, o John Lennon Museum, que deve ser aberto ao público no dia 9, quando o músico completaria 60 anos.
Entre os 130 itens, a maioria doada por ela, estão a carteira de motorista do ex-beatle e seus óculos de aro redondo, além de manuscritos de letras e fotos de família. Há ainda a primeira guitarra de Lennon, comprada pelo correio em 1956, com a qual, diz a lenda, ele teria tocado no dia em que conheceu Paul McCartney.
Agora, Yoko Ono se prepara para ver relançados no começo da semana que vem dois marcos da história de Lennon. O primeiro é "Double Fantasy", de 1980, o último álbum do músico, feito em parceria com ela e lançado um mês antes de sua morte. O outro é "John Lennon/Plastic Ono Band", de 1970, o primeiro disco de estúdio que gravaram depois do fim dos Beatles, aquele do "the dream is over". Ambos chegam em edição remasterizada com faixas inéditas. (SÉRGIO DÁVILA)



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