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MÚSICA
Viúva de Lennon inaugura museu em homenagem ao beatle e lança dois CDs históricos em versões remasterizadas
Yoko Ono se reconcilia com sua história
DE NOVA YORK
Yoko Ono, a controversa mulher de John Lennon, que já foi
chamada de "quinto beatle", mas
também de coisas piores, como
"Madame Mao do Rock", acusada de ser o pivô do fim do grupo,
teve uma semana agitada.
Começou com a carta que enviou na segunda-feira à Comissão
de Condicional de Nova York pedindo que os integrantes não soltassem Mark David Chapman, o
assassino de seu marido.
"Não é fácil para mim escrever
esta carta, uma vez que ainda é
muito dolorido pensar no que
aconteceu naquela noite e verbalizar meus pensamentos de uma
maneira lógica", começa o texto.
"Com seu único ato de violência, o "sujeito" cuidou de mudar
minha vida inteira, devastar os filhos (de Lennon) e trazer profunda tristeza e medo para o mundo.
Foi, certamente, o poder de destruição trabalhando", continua.
"(Sua soltura) dará um sinal
verde para os outros que quiserem seguir as pegadas do "sujeito"
para receber a atenção do mundo.
Temo que vá trazer de volta o pesadelo, o caos e a confusão. Eu e os
dois filhos de John não nos sentiríamos seguros pelo resto de nossas vidas. Pessoas que estão em
posição de alta visibilidade como
John também se sentirão inseguras", conclui.
A condicional foi negada e
Chapman, condenado à prisão
perpétua, só pode fazer novo pedido daqui a dois anos.
Depois, ela foi ao lançamento
do livro "Lennon Remembers:
The Full Rolling Stone Interviews
from 1970", cujo prefácio é de sua
autoria. Na obra, o publisher da
revista, Jann Wenner, reedita a famosa entrevista (que já havia saído em livro), dessa vez sem cortes.
Quando se encontrou com o
jornalista, o ex-beatle exigiu que
ele nunca publicasse o resultado
em livro, apenas na revista. Wenner não respeitou o acordo já na
época, o que lhe valeu palavras
amargas de Lennon.
Agora, se reconcilia em nome
da família. Escreve na abertura:
""Lennon Remembers" é um clássico Lennon. Não é uma leitura fácil. É uma pancada em seus nervos como um mau espresso. Pessoas de estômago fraco deveriam
fechar a janela antes de lê-lo. Elas
podem sentir vontade de pular...".
Por fim, anteontem, a viúva
inaugurou na cidade de Yono, a
25 quilômetros de Tóquio, o John
Lennon Museum, que deve ser
aberto ao público no dia 9, quando o músico completaria 60 anos.
Entre os 130 itens, a maioria
doada por ela, estão a carteira de
motorista do ex-beatle e seus óculos de aro redondo, além de manuscritos de letras e fotos de família. Há ainda a primeira guitarra
de Lennon, comprada pelo correio em 1956, com a qual, diz a
lenda, ele teria tocado no dia em
que conheceu Paul McCartney.
Agora, Yoko Ono se prepara para ver relançados no começo da
semana que vem dois marcos da
história de Lennon. O primeiro é
"Double Fantasy", de 1980, o último álbum do músico, feito em
parceria com ela e lançado um
mês antes de sua morte. O outro é
"John Lennon/Plastic Ono Band",
de 1970, o primeiro disco de estúdio que gravaram depois do fim
dos Beatles, aquele do "the dream
is over". Ambos chegam em edição remasterizada com faixas inéditas.
(SÉRGIO DÁVILA)
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