|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Longe de vícios, Frusciante se diz realizado
DA REPORTAGEM LOCAL
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
O guitarrista John Frusciante, 31, sempre foi o caçula da banda. E, como todo
caçula, foi o que mais deu
trabalho aos Chili Peppers.
Entrou no lugar de Hilel
Slovak, em 1988, que sofreu
uma overdose de heroína,
mas também não segurou a
onda: em 1992, no meio da
turnê de "Blood Sugar Sex
Magic", Frusciante pulou
-ou "foi pulado"- fora da
banda por dar mais atenção
à agulha do que à palheta.
Substituído por Dave Navarro, Frusciante tentou seguir carreira solo lançando
os dispensáveis "Niandra
Ladies and Usually Just a T-Shirt" (95) e "Smile from the
Streets You Hold" (97). Dizem as más línguas que as
gravações eram para sustentar seu vício de heroína.
Por Deus ou o diabo, parece, entretanto, que Frusciante finalmente reencontrou o
rumo. "By the Way" é seu e
ninguém tasca. A mudança
de estilo já aparece em "Californication" (99), que marcou a volta do guitarrista à
banda, mas é definitiva neste
"By the Way", de fraseados e
timbres cortantes de guitarra -em "Don't Forget me";
de ska e flamenco, em "On
Mercury" e "Cabron"-, e
até de um tímido e nostálgico funk à "Mother's Milk"
(álbum de 1989) -em
"Can't Stop".
Porém, se, em estúdio,
Frusciante é inegavelmente
talentoso, ao vivo a performance corre o risco de desandar. Não se pode classificar de brilhantes suas duas
apresentações por aqui, em
1999 e em 2001. Na primeira,
em SP, um tanto fora de sincronia, parecia ter apagado
completamente da memória
sua fase pré-"Californication" e, no Rock in Rio, provocou uma situação no mínimo embaraçosa ao ser deixado sozinho no palco sem
conseguir encerrar uma jam
session na hora certa.
Entre uma xícara de chá e
outra, Frusciante explicou-se à Folha: "Os solos de guitarra são mesmo todos diferentes a cada noite".
"Não tomo mais drogas
desde o início de 1998. No
momento, estou trabalhando para me tornar um músico melhor", afirmou. "As
primeiras semanas foram
dolorosas. Mas, ao tolerar alguns meses de tédio, encontrei a felicidade que sempre
achei que tinha com o vício."
A imagem e a fala pausada
de Frusciante ainda impressionam. As três melhores
músicas que já compôs, garante, são para o próximo filme do diretor e seu amigo
Vincent Gallo, "The Brown
Bunny". Seus nomes?
"Dying Song" (canção para
morrer), "Leave All the Days
Behind" (deixe todos os dias
para trás) e "Hurting" (machucando).
(DA e PAJ)
Texto Anterior: Longe de encrenca Próximo Texto: Livro: Obra retoma MPB dos 70 sob a ótica dos "cafonas" Índice
|