São Paulo, segunda-feira, 07 de outubro de 2002

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LITERATURA

Curso no Centro Universitário Maria Antonia esmiúça cem anos da prosa de Tolstói, Dostoiévski e companhia

Seminário espreme o supra-sumo das letras russas

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Descontados todos os defeitos que uma lista como essa pode ter, a relação dos cem melhores livros de todos os tempos divulgada em maio deste ano pelo Clube Norueguês do Livro dá brechas para uma conclusão interessante.
Dez por cento do melhor que se produziu na literatura desde a "Odisséia" de Homero até hoje teria sido feito na Rússia em um intervalo de apenas cem anos.
É justamente essa fatia de história literária o tema de um curso que começa hoje em São Paulo.
"Um Século de Prosa Russa -1830-1930", promovido pela editora Cosac & Naify, reúne de hoje até 18 de novembro no Centro Universitário Maria Antonia uma seleção dos maiores especialistas do Brasil no assunto para falar dos meandros da arte de Dostoiévski, Tolstói e companhia.
Se os nomes dos autores de "Crime e Castigo" e de "Guerra e Paz" já soam familiares ao público com algum envolvimento com literatura universal, a iniciativa dá oportunidade de saber mais de autores menos rodados aqui.
A aula de hoje, por exemplo, coloca em foco a literatura de um escritor como Mikhail Liérmontov (1814-41), autor do clássico "O Herói do Nosso Tempo". Também estão no programa desta segunda os pilares literários russos Nicolai Gógol (1809-52) e Aleksandr Púchkin (1799-1837), o pai da literatura russa moderna.
Para dar conta do trio foi escalado Boris Schnaiderman, que aos 85 anos é tido como o principal tradutor do russo no país.
Responsável por versões nacionais de obras de Tolstói, Dostoiévski e Maiakóvski, entre outros, Schnaiderman também dá a aula final, sobre os mais contemporâneos Ossip Mandelstam (1891-1938), que morreu fuzilado pelo regime stalinista, e Iúri Nikoláievitch Tyniánov (1894-1943).
Este último encarna outra novidade envolvendo russos e a Cosac & Naify. A editora está lançando a primeira tradução direta de sua obra aqui, a novela "O Tenente Quetange", além de obras de Turguêniev, Liéskov e Dostoiévski.
Para falar deste, majoritariamente classificado como o grande autor russo de todos os tempos, o Centro Maria Antonia recebe do Rio de Janeiro Paulo Bezerra, que vem traduzindo todo Dostoiévski, do original, para a editora 34.
O curso, dirigido por Samuel Titan Jr., um dos editores da Cosac, terá ainda conferências de nomes como Davi Arrigucci Jr., grande especialista em poesia brasileira, mas amante incondicional de Tchecov, e de Rubens Figueiredo, escritor que acaba de terminar sua primeira tradução do russo, Tchecov também.


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