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Comentário
Adulta melancólica se torna criança leve
EDGARD SCANDURRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Adriana Partimpim é o nome
fantasia que uma grande cantora brasileira adotou, como se
fosse uma heroína das histórias
em quadrinhos, para fazer seu
projeto dedicado às crianças.
O que me chama a atenção
nessa artista é que, quando ela
canta aos adultos, deixa amostras, aqui e ali, de um certo tom
de melancolia em suas músicas.
Eu me sinto identificado com
isso, afinal, sou meio tristinho
em boa parte do tempo.
Penso que pessoas assim costumam ver com muito carinho
as crianças e a infância, pois,
certamente, gostariam de, vez
ou outra, voltar a viver o que as
lembranças afetivas trazem. E,
como sou assim, imagino que
Adriana Calcanhotto em seu alter ego também o seja.
Gostei muito do som desse
disco. Da produção limpa e moderna, da sua voz impecável e,
principalmente, da escolha do
repertório -de onde destacamos, eu e minha filha Estela, de
5 anos, "O Trenzinho do Caipira", de Villa-Lobos e Ferreira
Gullar, a canção "Alface", de
Edward Liar e Augusto de
Campos, a já conhecida "Na
Massa", de meu compadre Arnaldo Antunes e David Morais,
e outra versão incrível -dessa
vez feita por Zé Ramalho para
uma canção de Bob Dylan-
chamada "O Homem Deu Nome a Todos Animais".
Já posso imaginar as crianças
cantando essas canções com
toda a propriedade que elas
possuem quando ouvem músicas de que de fato gostam.
Não conheço Adriana pessoalmente, mas me identifico
com suas duas identidades.
Tanto a mais existencialista
quanto a leve e carinhosa face
que ela mostra às crianças.
Ambas estão repletas de
amor, pois é isso que devemos
dedicar aos adultos e às crianças. Um amor que, como ela
mesma diz nesse disco, "está
sempre louco para amar".
EDGARD SCANDURRA é cantor, compositor,
guitarrista e integrante do Pequeno Cidadão
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