São Paulo, terça-feira, 07 de novembro de 2000

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MÚSICA/LANÇAMENTOS
Blur - Hinos do britpop

LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se você tem tudo do Blur, então você não tem tudo do Blur. A EMI solta no Brasil, em edição nacional, a recém-lançada "Blur: The Best of", coletânea comemorativa de um dos mais queridos grupos do britpop.
O disco é a velinha a ser assoprada nos festejos de dez anos da união sonora do carismático vocalista Damon Albarn, do excelente guitarrista Graham Coxon e dos bons Alex James, baixo, Dave Rowntree, bateria.
"Blur: The Best of" é compilação da faixa 1 a 17, quando aí entra para fechar o disco a novíssima "Music Is My Radar", composta e lançada em single não tem um mês.
Se fossem só os 17 deliciosos hinos pop desta banda de art-rock de molho inglês, "The Best of" já valeria chamar os amigos para uma divertida reunião pop.
Da beleza crua da balada "She's So High" (1990) à beleza madura de "No Distance Left to Run" (1999), este "The Best of" é enfeitado por 17 dos 23 singles que embalaram a decana carreira da banda, incluindo a fresca "Music Is My Radar".
A coletânea tem um "corpo estranho". Está no álbum a canção "This Is a Low", que não é hit, não é single e quase nunca é tocada ao vivo. É apenas uma música bonita do álbum "Parklife" (1994).
Todas as inspiradas fases do Blur percorrem seu "The Best of".
O disco transpira o estágio indie dance do começo da década. A sacolejante "There's No Other Way", que até hoje é tocada seja nos porões de clubes londrinos, seja em bares da Vila Madalena paulistana, representa o período.
Da batalha pelo reinado do britpop, contra os rivais Oasis, vêm hinos como "Parklife", "Girls and Boys" e "Country House".
Da "fase americana" tem o petardo "Song 2", um dos rocks mais reconhecidos para quem ligou um rádio, viu MTV ou jogou videogame nesta segunda metade dos 90.
E a mais recente era introspectiva, a da dor-de-cotovelo do abandonado Damon Albarn, transparece no glorioso gospel "Tender".
Poucas bandas conseguiram atravessar a década mantendo velhos e angariando novos fãs na mesma medida, mesmo fazendo alterações pontuais em seu som.
Seja na fase dance, quando entoa balada ou na hora em que o peso comanda o som, o Blur consegue chegar bem próximo do pop perfeito.
Não é todo grupo que consegue unir as massas na hora de cantar músicas cujas letras trazem frases como "Ele vive em uma casa, numa grande casa no campo". Ou "O amor é a maior das coisas que temos".
"Music Is My Radar", a novidade de "Blur: The Best of", é uma disco music tribal, esquisita e ruidosa, com a voz de Damon fazendo eco para um chiado que lembra uma música da Madonna sendo tocada por uma rádio que não está bem sintonizada.
Como parte das comemorações, na próxima segunda-feira, são lançados no Reino Unido o VHS e o DVD da década Blur.
A porção visual de "Blur: The Best of" traz os 22 videoclipes da banda realizados desde 1990 e em ordem cronológica.
Desde o final de outubro, os vídeos têm sido exibidos em universidades inglesas e escocesas.
Para completar, o Blur associou-se a um portal inglês de telefonia celular. Quando tocar o telefone de um fã que programou o sistema, ele ouvirá o novo hit "Music Is My Radar", com o logo do Blur aparecendo no visor do celular.
CD, DVD e celular. Isso é ter tudo do Blur.
Blur: The Best of      Banda: Blur Lançamento: EMI Quanto: R$ 20, em média


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