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ARTES PLÁSTICAS
"Arpad Szenes e Vieira da Silva, Período Brasileiro" reúne obras do período em que casal viveu no Brasil
Mostra reúne "brasileirismo" de europeus
FERNANDA CIRENZA
DA REPORTAGEM LOCAL
O período em que o casal Arpad
Szenes (pronuncia-se "sênes") e
Maria Helena Vieira da Silva viveu no Brasil está representado
nas 98 obras, entre pinturas e desenhos, da exposição que a Pinacoteca do Estado inaugura hoje.
Ele (1897-1985), húngaro de Budapeste de origem judaica, ela
(1908-92), portuguesa de Lisboa,
se conheceram em Paris, onde se
casaram em 1930.
Com o início da Segunda Guerra Mundial, decidem deixar a Europa com destino ao Rio de Janeiro, onde viveram entre 1940 e 47,
em Santa Teresa. Em sete anos,
produziram obras que retratam
da angústia da guerra às paisagens calmas do Rio.
A maioria delas faz parte do
acervo da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, de Lisboa,
fundada em 94, que reuniu, de junho a setembro, as obras que agora estão na Pinacoteca.
"Eles não ficaram muito conhecidos no Brasil. Vieira da Silva ganhou fama na Europa depois de
47. Hoje, é considerada a mais importante artista portuguesa, embora fosse cidadã francesa", afirmou Ivonne Felman Cunha Rego,
diretora-adjunta da fundação.
Duas pinturas "brasileiras" de
Vieira da Silva, não incluídas na
mostra, pertencem à coleção do
Museu de Arte Moderna do Centro Georges Pompidou.
A exposição foi dividida em seis
temas. Em "Guerra", os trabalhos
mostram a agonia do casal diante
do combate na Europa. O destaque é "Le Champ des Morts" (desenho, 1940), de Vieira da Silva.
O núcleo "Ambientes" traz cenas da vida carioca, como "Rua
do Ouvidor" (desenho de 44, de
Szenes) e "La Baie de Rio" (desenho de 43, de Vieira da Silva).
Em "Retratos" e "Maria Helena
e Arpad" está reunida uma série
de retratos, auto-retratos e imagens que mostram recorrentemente o casal abraçado.
Mais adiante, no núcleo "Memórias", estão agregadas as obras
que retratam os temas saudosistas
de Vieira da Silva, como "Lisbonne du Souvenir", de 1940.
Em "Km 44", estão os trabalhos
realizados pelo casal devido à
amizade com os poetas Cecília
Meireles e Murilo Mendes, que os
escolheram para executar obras
para a Escola Nacional de Agronomia, km 44 da atual Universidade Federal Fluminense.
"Foram encomendados a Vieira
da Silva a decoração da cantina da
escola, e a Arpad, retratos de sábios", contou Ivonne.
Outro grande amigo do casal é o
pintor Carlos Scliar, que também
participa da exposição com cinco
telas e 41 desenhos, todos da coleção particular do artista.
"Ele teve uma convivência muito próxima com o casal", disse o
diretor da Pinacoteca, Emanoel
Araújo, que foi quem teve a idéia
de montar o núcleo "Scliar".
A relação era tão próxima que
foi Scliar quem acompanhou
Vieira da Silva no caminho de volta a Paris. "Arpad foi mais tarde,
no final de 47", disse Ivonne.
Exposição: Arpad Szenes e Vieira da
Silva, Período Brasileiro
Quando: abertura hoje, às 19h30. De ter.
a dom., das 10h às 18h. Até 31/12
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da
Luz, 2, Luz, tel. 0/xx/11/229-9844)
Quanto: R$ 5 (menores de 7 e maiores
de 65 não pagam; qui: entrada franca)
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