São Paulo, terça-feira, 07 de novembro de 2000

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ARTES PLÁSTICAS
"Arpad Szenes e Vieira da Silva, Período Brasileiro" reúne obras do período em que casal viveu no Brasil
Mostra reúne "brasileirismo" de europeus

FERNANDA CIRENZA
DA REPORTAGEM LOCAL

O período em que o casal Arpad Szenes (pronuncia-se "sênes") e Maria Helena Vieira da Silva viveu no Brasil está representado nas 98 obras, entre pinturas e desenhos, da exposição que a Pinacoteca do Estado inaugura hoje.
Ele (1897-1985), húngaro de Budapeste de origem judaica, ela (1908-92), portuguesa de Lisboa, se conheceram em Paris, onde se casaram em 1930.
Com o início da Segunda Guerra Mundial, decidem deixar a Europa com destino ao Rio de Janeiro, onde viveram entre 1940 e 47, em Santa Teresa. Em sete anos, produziram obras que retratam da angústia da guerra às paisagens calmas do Rio.
A maioria delas faz parte do acervo da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, de Lisboa, fundada em 94, que reuniu, de junho a setembro, as obras que agora estão na Pinacoteca.
"Eles não ficaram muito conhecidos no Brasil. Vieira da Silva ganhou fama na Europa depois de 47. Hoje, é considerada a mais importante artista portuguesa, embora fosse cidadã francesa", afirmou Ivonne Felman Cunha Rego, diretora-adjunta da fundação.
Duas pinturas "brasileiras" de Vieira da Silva, não incluídas na mostra, pertencem à coleção do Museu de Arte Moderna do Centro Georges Pompidou.
A exposição foi dividida em seis temas. Em "Guerra", os trabalhos mostram a agonia do casal diante do combate na Europa. O destaque é "Le Champ des Morts" (desenho, 1940), de Vieira da Silva.
O núcleo "Ambientes" traz cenas da vida carioca, como "Rua do Ouvidor" (desenho de 44, de Szenes) e "La Baie de Rio" (desenho de 43, de Vieira da Silva).
Em "Retratos" e "Maria Helena e Arpad" está reunida uma série de retratos, auto-retratos e imagens que mostram recorrentemente o casal abraçado.
Mais adiante, no núcleo "Memórias", estão agregadas as obras que retratam os temas saudosistas de Vieira da Silva, como "Lisbonne du Souvenir", de 1940.
Em "Km 44", estão os trabalhos realizados pelo casal devido à amizade com os poetas Cecília Meireles e Murilo Mendes, que os escolheram para executar obras para a Escola Nacional de Agronomia, km 44 da atual Universidade Federal Fluminense.
"Foram encomendados a Vieira da Silva a decoração da cantina da escola, e a Arpad, retratos de sábios", contou Ivonne.
Outro grande amigo do casal é o pintor Carlos Scliar, que também participa da exposição com cinco telas e 41 desenhos, todos da coleção particular do artista.
"Ele teve uma convivência muito próxima com o casal", disse o diretor da Pinacoteca, Emanoel Araújo, que foi quem teve a idéia de montar o núcleo "Scliar".
A relação era tão próxima que foi Scliar quem acompanhou Vieira da Silva no caminho de volta a Paris. "Arpad foi mais tarde, no final de 47", disse Ivonne.


Exposição: Arpad Szenes e Vieira da Silva, Período Brasileiro Quando: abertura hoje, às 19h30. De ter. a dom., das 10h às 18h. Até 31/12 Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, Luz, tel. 0/xx/11/229-9844) Quanto: R$ 5 (menores de 7 e maiores de 65 não pagam; qui: entrada franca)

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