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CRÍTICA
Com quantas Madonnas se faz um show?
Associated Press
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Madonna em apresentação no "talk show" de David Letterman |
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Com quantas Madonnas se
faz um bom show? Pelo menos três. E uma Britney Spears.
A primeira Madonna é gorda,
bem gorda, se veste exatamente
como a cantora, mas nasceu em
Nova Jersey e se considera sua
maior fã. Está na platéia.
A segunda Madonna é magra,
esquálida, na verdade um homem, uma drag queen, que está
usando o mesmo modelito com
que ela se mostra no clipe de "Music". Está na entrada.
A terceira é o ícone pop, mãe de
dois filhos, que fez show anteontem, se é que se pode chamar de
show algo que durou 19 minutos e
cinco músicas. Está no palco.
Aconteceu na casa de shows Roseland, no centro de Manhattan.
Serviu para responder ao que todos se perguntavam. Sim, Madonna ainda segura uma platéia
lotada vidrada nela. Sim, ela ainda
tem ginga. E, sim, ela está com
pneuzinhos na cintura. Mas continua sexy como nunca. E adora a
musa teen Britney Spears.
A "festa da Madonna", como ela
chamou o primeiro show de seu
novo disco, começou com um set
acústico do Everlast. Depois, Ali
"Dubfire" Shirazinia e Sharam
Tayebi (o Deep Dish) assumiram
os pratos por meia hora, até colocarem uma versão de "Music".
Era o sinal.
Madonna entra sob a música
"Impressive Instant". Aparece no
palco lateral, um cenário imitando um deserto, com cactus, carro
abandonado e dançarinos sem
camisa vestidos de caubóis.
Está de cowgirl estilizada. Calça
preta com detalhes dourados e camiseta aberta dos lados. Na camiseta, lê-se: "Britney Spears".
Há duas semanas, perguntei a
ela o que achava de Britney Spears
ser chamada de "a Madonna do
ano 2000". Ela disse que achava
ótimo, que gostaria de ser esperta
como ela aos 18. Mas que ser Madonna era mais do que tirar a roupa. Anteontem, deu o troco.
Até então, o cenário estava coberto por uma bandeira americana. Faz sentido: Madonna declarou na sexta, no programa de David Letterman, que já tinha votado em Al Gore.
Ela voltou ao "talk show" seis
anos e meio depois da polêmica
aparição em que deu sua calcinha
ao apresentador ("Eu a guardo
num cofre", disse ele sexta), falou
"fuck" mais de 50 vezes e o constrangeu ao máximo.
Agora, terminada a primeira
música do show, Madonna faz
um falso "stage-diving" nos braços dos caubóis, que a levam para
o palco principal.
Lá, ela emenda "Runaway Lover". Depois, sentada lado a lado
com o francês Mirwais e violão e
acompanhada de violinos, canta a
melhor da noite, "Don't Tell Me".
Aí, dedica a quarta "à Britney": o
popinho pós-feminista "What it
Feels for a Girl". Termina com
"Music", que já virou um lota-pista, um clássico dos clubs, ótima, ótima. Ao fundo, um clipe
com o melhor de Madonna desde
"Material Girl". "Viram? Ter filhos não ferrou com minha memória (de palco)", diz. Essa é a
Madonna velha (42 anos) de
guerra.
Avaliação:
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