São Paulo, domingo, 07 de novembro de 2004

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FILMES

TV ABERTA

"Tucker" é belo e injustiçado filme de Coppola

Com 007 Viva e Deixe Morrer
SBT, 13h.
  
(Live and Let Die). Inglaterra, 1973, 116 min. Direção: Guy Hamilton. Com Roger Moore, Yaphet Kotto, Jane Seymour. Desta vez, o agente 007 enfrenta um temível traficante de entorpecentes e seus asseclas. Oitavo filme do herói. Vale a pena comparar com os mil e um filmes nulos em que os bandidos são traficantes.

A Dupla do Barulho
Cultura, 16h30.
   
Brasil, 1953. Direção: Carlos Manga. Com: Oscarito e Grande Otelo. Estréia de Manga na direção, esta comédia dramática de estilo chapliniano traz Oscarito e Grande Otelo como Tonico e Tião, artistas de teatro mambembe que percorrem o país em busca do sucesso, enfrentando diversas dificuldades, principalmente no relacionamento entre eles.

King Cobra
Record, 22h.
 
(King Cobra). EUA, 1998, 93 min. Direção: David e Scott Hillenbrand. Com Pat Morita, Scott Hillenbrand, Casey Fallo. Cientista cria droga experimental que aumenta a agressividade nos animais e seres humanos. Uma explosão no laboratório liberta uma cobra. Tudo se tornará um pesadelo com uma cobra gigante e superagressiva. Se "Anaconda" já era o fim da picada (sem trocadilho), essa cópia de terceira nem merece comentários. Em termos de cobras, uma visita ao Butantan rende muito mais.

Mortal Kombat: A Aniquilação
SBT, 23h.
 
(Mortal Kombat 2: Annihilation). EUA, 1997. Direção: John R. Leonetti. Com Robin Shou, Talita Soto. Depois de enfrentar o feiticeiro do mundo exterior, os guerreiros do Mortal Kombat descansam por uns poucos dias, já que o imperador inimigo, Shaokan, promete acabar de vez com a Terra. E começa tudo outra vez. Estritamente infantil.

O Beco das Ilusões Perdidas
Bandeirantes, 1h.
   
(Nightmare Alley). EUA, 1947, 111 min. Direção: Edmund Goulding. Com Tyrone Power, Joan Blondell, Colleen Gray. Charlatão (Power) monta negócio de leitura de mentes, ao lado de uma leitora de cartas (Blondell) e uma psiquiatra. Tudo corre às mil maravilhas, até que sua mulher (Gray) denuncia a fraude, provocando sua ruína. História estranha, com roteiro de Jules Furthman, o que conta muitos pontos a favor. A ver. P&B. Legendado.

Medidas Extremas
SBT, 1h20.
 
(Extreme Mesures). EUA, 1996, 118 min. Direção: Michael Apted. Com Hugh Grant, Gene Hackman. Jovem médico tenta resolver o mistério da morte e, sobretudo, desaparecimento do corpo de um paciente. Ele descobrirá que um famoso cirurgião tem algo a ver com isso. "Thriller" de erros, a começar por Grant, que aqui se escalou em papel sério. Outros virão.

Hamlet
Globo, 2h40.
  
(Hamlet). EUA, 2000, 112 min. Direção: Michael Almereyda. Com Ethan Hawke, Sam Shepard, Kyle MacLachlan, Diane Venora. Um "Hamlet" modernizado em que o tio casa com a mãe e assume o comando da corporação Dinamarca. Inédito.

Tucker: Um Homem e Seu Sonho
SBT, 3h20.
    
(Tucker - The Man and His Dream). EUA, 1988, 110 min. Direção: Francis Ford Coppola. Com Jeff Bridges, Joan Allen, Martin Landau, Frederic Forrest. Preston Tucker é o visionário que desenha um carro absolutamente novo para os padrões de 1945 e, mais, recria a concepção de indústria automobilística. As grandes empresas caem de pau sobre sua fábrica com uma violência exemplar. Belo e injustiçado filme, sobre um grande personagem. Só para SP. (IA)

TV PAGA

A guerra também é um assunto de mulheres

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O assunto de que trata "Um Assunto de Mulheres" é o aborto. Mas não é o único e, para falar com franqueza, talvez nem seja o principal. Pois existe aqui uma época, a Segunda Guerra, que é o momento em que Marie-Louise Girard (Isabelle Huppert) exerce a atividade, primeiro para ajudar uma amiga.
Mas os tempos são duros e tornar-se aborteira não lhe parece uma opção das piores. Antes pelo contrário, é bem lucrativa. Ocorre ainda que a França está sob ocupação alemã e dispõe de um governo títere em Vichy.
Esse governo condenará drasticamente a atividade, não tanto pelos motivos que move a hierarquia católica em nossos dias (o direito à vida seria inalienável e já existiria vida em estado fetal), mas porque o aborto impede o nascimento de futuros soldados.
É inútil fazer suspense em torno do fim do filme. Ao rodá-lo, Claude Chabrol sabia que Marie-Louise tinha sido condenada à morte e executada em 1943. (Na verdade, o filme vive do paradoxo entre a personagem de Marie, que é antes de tudo uma pessoa prática num momento em que ser prático é um atributo tão importante quanto ambíguo, e a pena desproporcional que lhe é aplicada.)
Existe, portanto, um terceiro assunto: a pena de morte. Essa que tantos desejam ver aplicada a três por dois no Brasil. A guerra é um magnífico território para todas as iniqüidades e, se o governo de Vichy não é um campeão mundial nessa prática, é só porque Hitler bateu-o nesse quesito.
São, portanto, os pecados da guerra que estão em cena neste "Assunto de Mulheres". Dar esse nome ao filme não é senão mais uma das ironias de Chabrol. Pois não é a guerra um assunto de homens? O filme deixa bem claro que não.


UM ASSUNTO DE MULHERES. Quando: hoje, às 14h, no Eurochannel.


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