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MÚSICA
Veterana dupla britânica se apresenta em festival paulistano em show com concepção teatral e baseado nos hits
Pet Shop Boys levam cabaret ao Jockey Club
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
Um enorme cabaret sendo tomado por um musical retrô-futurista. Pelo menos para Neil Tennant, assim será transformado
hoje à noite o palco principal
-com ingressos já esgotados-
do Tim Festival durante o show
dos Pet Shop Boys.
Formados no início dos anos 80
em Londres e com oito discos na
bagagem, os Pet Shop Boys (Chris
Lowe é responsável pela produção das canções; Tennant é o vocalista) fazem da dance music um
espetáculo teatral. Mas não só.
A dupla é proprietária de um
Carnaval inteiro de hits pop dançantes. "It's a Sin", o cover "Always on My Mind", "New York
City Boy", "Domino Dancing", a
sensacional "Being Boring"... São
duas horas de show -e nada cansativas. Neil Tennant falou à Folha sobre essa concepção teatral
dos shows e das inusitadas "crias"
pop que gerou.
Folha - Vocês têm feito shows pela Europa tocando músicas de toda
a carreira dos Pet Shop Boys. Será
assim no Brasil?
Neil Tennant - É exatamente o
mesmo show que realizamos nos
festivais europeus de verão. Temos canções de praticamente todos os álbuns. É como uma panorâmica na história dos Pet Shop
Boys. Vamos levar uma banda, e a
concepção visual é de Ian McNeil,
um dos principais designers teatrais de Londres hoje. É cheio de
luz, e eu também troco várias vezes de roupa...
Folha - O quão importante é para
um show dos Pet Shop Boys essa
concepção teatral?
Tennant - Nós sempre trabalhamos dessa forma, mesmo nos
shows mais simples, porque achamos importante como uma apresentação nossa é colocada para o
público. Por isso trabalhamos
com designers profissionais, para
tentar passar para os fãs uma experiência única, diferente. Nós
nos inspiramos em personagens
retrôs e futuristas ao mesmo tempo. Mas nós sempre demos muita
importância a cada detalhe, a cada música escolhida.
Folha - Vocês apresentaram ao vivo uma trilha sonora para o filme
"Encouraçado Potemkin" [de Sergei Eisenstein; 1925] na Trafalgar
Square [uma das principais praças
de Londres]. Como foi aquilo?
Tennant - Foi uma das coisas
mais incríveis por que já passei na
minha vida. Fomos convidados
pelo ICA (Institute of Contemporary Arts) de Londres para escrever uma trilha para o filme e apresentá-la, ao vivo, durante sua projeção. Foi um desafio, não sabia se
conseguiríamos escrever 75 minutos de música para acompanhar o filme. Então chamamos
um maestro para nos ajudar a fazer o arranjo da trilha. No dia 12
de setembro colocaram um telão
enorme na praça. E, claro, choveu
bem naquele dia... Não havia chovido em Londres nas duas semanas anteriores e nas duas semanas
posteriores, mas bem naquele dia
choveu... Mas mesmo assim umas
25 mil pessoas compareceram.
Foi muito recompensador. E fomos chamados para fazer o mesmo em Moscou, na Praça Vermelha, no ano que vem.
Folha - Vocês fizeram uma colaboração com o Scissor Sisters [um
dos grupos novos de electro, dos
EUA], não?
Tennant - Sim. Na verdade, no
ano passado pedimos a eles para
remixar o single "Flamboyant",
que foi lançado em março último.
Folha - Essa é uma banda que se
inspirou bastante em vocês...
Tennant - Muita gente me diz isso, mas eu realmente não acho.
Eles me lembram mais Elton John
no começo da carreira. É engraçado isso, porque há três bandas no
momento que se dizem muito influenciadas por Pet Shop Boys,
mas que não vejo onde: o Keane,
que é bem grande aqui na Inglaterra, o The Killers [EUA], além
de Chris Martin, do Coldplay, que
disse que queria ser uma mistura
de Bono com Neil Tennant.
Folha - A imprensa britânica,
quando fala em clubes e na noite
de Londres, sempre cita seu nome
como um dos que costumam freqüentar bastante essa cena. Você
gosta da nova música eletrônica?
Gosta de sair para dançar?
Tennant - A cena electro é bem
grande em Londres, temos bons
clubes, como Nag Nag Nag, Kashpoint... É bom, interessante, é
uma alternativa àquela house music antiga e chata ou ao trance. E
gosto também porque as pessoas
novamente estão adorando a
idéia de se vestir de modo estranho e ousado.
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