São Paulo, domingo, 07 de novembro de 2004

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MÚSICA

Veterana dupla britânica se apresenta em festival paulistano em show com concepção teatral e baseado nos hits

Pet Shop Boys levam cabaret ao Jockey Club

THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

Um enorme cabaret sendo tomado por um musical retrô-futurista. Pelo menos para Neil Tennant, assim será transformado hoje à noite o palco principal -com ingressos já esgotados- do Tim Festival durante o show dos Pet Shop Boys.
Formados no início dos anos 80 em Londres e com oito discos na bagagem, os Pet Shop Boys (Chris Lowe é responsável pela produção das canções; Tennant é o vocalista) fazem da dance music um espetáculo teatral. Mas não só.
A dupla é proprietária de um Carnaval inteiro de hits pop dançantes. "It's a Sin", o cover "Always on My Mind", "New York City Boy", "Domino Dancing", a sensacional "Being Boring"... São duas horas de show -e nada cansativas. Neil Tennant falou à Folha sobre essa concepção teatral dos shows e das inusitadas "crias" pop que gerou.
 

Folha - Vocês têm feito shows pela Europa tocando músicas de toda a carreira dos Pet Shop Boys. Será assim no Brasil?
Neil Tennant -
É exatamente o mesmo show que realizamos nos festivais europeus de verão. Temos canções de praticamente todos os álbuns. É como uma panorâmica na história dos Pet Shop Boys. Vamos levar uma banda, e a concepção visual é de Ian McNeil, um dos principais designers teatrais de Londres hoje. É cheio de luz, e eu também troco várias vezes de roupa...

Folha - O quão importante é para um show dos Pet Shop Boys essa concepção teatral?
Tennant -
Nós sempre trabalhamos dessa forma, mesmo nos shows mais simples, porque achamos importante como uma apresentação nossa é colocada para o público. Por isso trabalhamos com designers profissionais, para tentar passar para os fãs uma experiência única, diferente. Nós nos inspiramos em personagens retrôs e futuristas ao mesmo tempo. Mas nós sempre demos muita importância a cada detalhe, a cada música escolhida.

Folha - Vocês apresentaram ao vivo uma trilha sonora para o filme "Encouraçado Potemkin" [de Sergei Eisenstein; 1925] na Trafalgar Square [uma das principais praças de Londres]. Como foi aquilo?
Tennant -
Foi uma das coisas mais incríveis por que já passei na minha vida. Fomos convidados pelo ICA (Institute of Contemporary Arts) de Londres para escrever uma trilha para o filme e apresentá-la, ao vivo, durante sua projeção. Foi um desafio, não sabia se conseguiríamos escrever 75 minutos de música para acompanhar o filme. Então chamamos um maestro para nos ajudar a fazer o arranjo da trilha. No dia 12 de setembro colocaram um telão enorme na praça. E, claro, choveu bem naquele dia... Não havia chovido em Londres nas duas semanas anteriores e nas duas semanas posteriores, mas bem naquele dia choveu... Mas mesmo assim umas 25 mil pessoas compareceram. Foi muito recompensador. E fomos chamados para fazer o mesmo em Moscou, na Praça Vermelha, no ano que vem.

Folha - Vocês fizeram uma colaboração com o Scissor Sisters [um dos grupos novos de electro, dos EUA], não?
Tennant -
Sim. Na verdade, no ano passado pedimos a eles para remixar o single "Flamboyant", que foi lançado em março último.

Folha - Essa é uma banda que se inspirou bastante em vocês...
Tennant -
Muita gente me diz isso, mas eu realmente não acho. Eles me lembram mais Elton John no começo da carreira. É engraçado isso, porque há três bandas no momento que se dizem muito influenciadas por Pet Shop Boys, mas que não vejo onde: o Keane, que é bem grande aqui na Inglaterra, o The Killers [EUA], além de Chris Martin, do Coldplay, que disse que queria ser uma mistura de Bono com Neil Tennant.

Folha - A imprensa britânica, quando fala em clubes e na noite de Londres, sempre cita seu nome como um dos que costumam freqüentar bastante essa cena. Você gosta da nova música eletrônica? Gosta de sair para dançar?
Tennant -
A cena electro é bem grande em Londres, temos bons clubes, como Nag Nag Nag, Kashpoint... É bom, interessante, é uma alternativa àquela house music antiga e chata ou ao trance. E gosto também porque as pessoas novamente estão adorando a idéia de se vestir de modo estranho e ousado.


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