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LIVRO - LANÇAMENTO
Papas se movem entre a fé e o pecado
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
Intrigas, corrupção, poder,
amor, fé e caridade. Com todos esses ingredientes, dignos de um
thriller, o cristianismo construiu
uma das mais sólidas instituições
da história da humanidade: o papado, que, ao longo de 2.000 anos,
tem exercido papel fundamental
não apenas no destino espiritual
de milhões de pessoas, mas em
campos como política, economia,
filosofia, ciência e artes.
Tanta história é reconstituída em
"Santos & Pecadores - História
dos Papas", de Eamon Duffy, que
chega às livrarias nesta segunda.
"Santos & Pecadores" enfrenta
uma tarefa inglória: fazer um levantamento e avaliar em 326 páginas (ricamente ilustradas) a trajetória de 261 papas, de são Lino a
Karol Wojtyla (João Paulo 2º).
O pouco espaço força, evidentemente, a omissão de detalhes ou
mesmo a citação de alguns deles no
livro, como são Marcelo, o 29º da
lista, que comandou a igreja entre
308 e 309. Ele é citado na lista cronológica, mas não comparece no
índice remissivo. O próprio autor
avisa no prefácio que o livro faz um
esboço de uma história "muito
mais intrincada".
Duffy mostra-se crítico e mordaz
em seu levantamento. Sabe que o
papado nem sempre se pautou no
desejo de propagação da fé, mas na
luta pelo poder político e pela riqueza material, o que incluiu
ameaças, violência e corrupção.
O cristianismo surgiu em Jerusalém e dali se expandiu pelo mundo,
inicialmente com Paulo de Tarso,
um rabino que falava grego, mas
que tinha cidadania romana. Mas a
difusão dos ensinamentos da igreja se deve às epístolas do apóstolo
Paulo e ao trabalho de Pedro, líder
e porta-voz dos apóstolos.
Pedro era um pescador na Galiléia. Chamava-se Simão Barjona e
foi o próprio Jesus que resolveu batizá-lo como Pedro (pedra). "Tu és
Pedro, e sobre esta pedra edificarei
a minha igreja e te darei as chaves
do Reino dos Céus." Essas palavras
de Jesus aparecem na cúpula da
basílica de são Pedro, em Roma.
O livro é rico em detalhes, como
ao narrar o fim de são Calisto 1º
(217-222, aproximadamente), que
foi linchado por pagãos revoltados
com a expansão cristã em Roma.
Essas revoltas, porém, só animavam o cristianismo, que valorizava
o mártir, pois ele sofria pela fé.
A igreja em Roma ganha importância no século 3, quando a cidade
passa por uma grande instabilidade política (25 imperadores em 47
anos) e com a conversão do imperador Constantino ao cristianismo, em 315, que garante a liberdade de religião na cidade "aos cristãos e a todos os demais".
De lá para cá, a história do papado passou por toda sorte de intempéries: patrocinou guerras (cruzadas, no século 11), teve duas sedes
(Roma e Avignon, no século 14) e
se calou frente a um dos maiores
crimes da história da humanidade,
a Segunda Guerra, mas isso tudo
pouco maculou a imagem de uma
instituição que ainda hoje zela pela
conduta de cerca de 900 milhões de
católicos em todo o mundo.
²
Livro: Santos & Pecadores - História dos
Papas
Autor: Eamon Duffy
Lançamento: Cosac & Naify
Quanto: R$ 52 (326 páginas)
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