São Paulo, sábado, 7 de novembro de 1998

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QUADRINHOS
Morre "pai" do Batman

PEDRO CIRNE DE ALBUQUERQUE
free-lance para a Folha

Foi anunciada na última quinta-feira a morte de Robert "Bob" Kane, o criador do personagem de quadrinhos Batman. Segundo o anúncio feito por seu editor, Kane, que tinha 83 anos, morreu na última terça de causas naturais em sua casa em Los Angeles (EUA).
Kane iniciou sua carreira adolescente no estúdio de Jerry Iger, onde desenhava os personagens de humor Hiram Hick e Peter Pupp.
Mais tarde, saiu do estúdio e passou a trabalhar com o roteirista Bill Finger. Em 1938, criaram Rusty and his Palls e Clip Carson, personagens ainda inexpressivos. Em maio de 1939, a consagração veio com a criação de Batman no número 27 da revista "Detective Comics", da então National Comics.
Um ano antes, a criação do Super-Homem havia inaugurado a era dos super-heróis das HQs. Calcula-se que surgiram cerca de 400 personagens no rastro do herói.
Batman também tinha características de seu antecessor, como a identidade secreta e o uniforme chamativo. A diferença é que Kane e Finger criaram o primeiro super-herói humano. Não era superforte, tampouco voava. Tinha a seu favor apenas a astúcia, as habilidades de detetive e a agilidade de um atleta.
Junto com o Super-Homem e a Mulher-Maravilha, que viria em 1941, Batman é parte do tripé fundamental de sua editora, a DC Comics -nome que a National adotou posteriormente em homenagem à revista em que o personagem de Kane e Finger surgiu.
Bill Finger morreu em 1974. Viu, por diversas vezes, seu nome omitido da criação do herói. O que houve é que o visual do Batman saiu da cabeça de Kane. Para criar a imagem do personagem, que precisava "colocar terror nos corações dos criminosos" (palavras da primeira história com o porquê do herói se fantasiar de morcego), Kane bebeu em diversas fontes.
O desenhista se inspirou na capa que Bela Lugosi usou ao interpretar Drácula no cinema; no filme "The Bat Whispers" ("Os Sussuros do Morcego", de 1930); em um desenho de Leonardo da Vinci, em que ele planejava um mecanismo com asas para que o homem pudesse voar, parecido com uma asa-delta; e em Edgar Allan Poe.
A cena em que Bruce Wayne decide se tornar Batman, após um morcego entrar por sua janela, é uma referência ao poema "O Corvo", do autor norte-americano, em que um corvo entra pela porta e conversa com um intelectual.
Kane ainda criou, para a televisão, os personagens Cool McCool e a dupla Courageous Cat and Minute Mouse. Mas sua carreira esteve sempre associada ao personagem. Batman virou tira de jornais, foi publicado em diversos países (no Brasil, estreou em 1942 na revista "O Lobinho"), virou seriados de cinema e televisão, livros, desenhos animados, filmes, bonecos, camisetas, jogos etc. Em 1989, foi consultor artístico de Tim Burton durante as filmagens do primeiro longa-metragem "Batman".
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Colaboraram as agências internacionais



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