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São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2003

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TV PAGA

Paixão guia Babenco em "Coração Iluminado"

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

A arte do ator é o teatro. Não há ator no mundo (ou quase) que não reclame de uma filmagem (fora dos "making of", claro). Às vezes passam-se horas entre uma tomada e outra. Reencontrar o sentimento, dar continuidade dramática à ação é sempre um desafio.
Depois, o cinema é um lugar de injustiça para o ator. Com um tanto de beleza e carisma, uma estrela se afirma, por vezes nem é preciso ter muito talento. As incompetências podem muito bem ficar na sala de montagem, conhecidas de pouquíssimos.
Nesse sentido, mesmo a TV é mais reveladora que o cinema. Por exemplo, o talento de Maria Luisa Mendonça era evidente já ao cruzar com ela em alguma novela. "Coração Iluminado" só confirmou-o.
E, já de início, estava lá aquela mulher muito magra, estranha, vibrante, a evocar um amor de adolescência em Buenos Aires. Esse amor existiu? É provável. Babenco não parece achar, habitualmente, que cinema é um assunto estritamente pessoal. Prefere os temas de interesse geral, digamos assim.
Em "Coração Iluminado" abriu uma exceção. Fez um filme obsessivamente pessoal. De longe, o mais apaixonado de seus filmes. E essa atriz que transborda paixão que é Mendonça vinha a caber como uma luva.
Mas e a outra? A mulher que aparece na maturidade do mesmo personagem? Que é a mesma e é outra? Essa é Xuxa Lopes, casada com Babenco. E ninguém gostou de Xuxa Lopes, em particular da música que cantava. Babenco deve ter percebido que ela não é uma cantora. Mas deve gostar de ouvi-la. Aparentemente, deu de ombros e deixou-a cantar a música toda. No cinema de Babenco, há quem prefira "Pixote" ou "Carandiru". "Coração" é sua obra-prima personalíssima, partilhada com duas atrizes.


CORAÇÃO ILUMINADO. Quando: hoje, às 21h, no Canal Brasil.

TV ABERTA

"Corpo Fechado" repete fórmulas de Shyamalan

O Mundo Perdido - Jurassic Park
Globo, 12h45.

(The Lost World - Jurassic Park). EUA, 97, 129 min. Direção: Steven Spielberg. Com Jeff Goldblum, Julianne Moore. Ao saber que o mundo dos dinossauros não se extinguiu com o fim do primeiro Jurassic Park e que, até pelo contrário, ele floresce em outra ilha, o dr. Ian Malcolm (Goldblum) fica excitadíssimo para ir ao local. Segundo e mais fraco dos filmes da série. Não acrescenta grande coisa ao imaginário do original (de 1993); os efeitos continuam a garantir o espetáculo.

Nada em Comum
Record, 18h45.

(Nothing in Common). EUA, 86, 118 min. Direção: Garry Marshall. Com Tom Hanks, Jackie Gleason. Típico filme de atores, e o último trabalho de Jackie Gleason, o pai briguento e diabético de quem se ocupa o filho Tom Hanks. Comédia dramática.

El Mariachi
Bandeirantes, 20h30.

EUA, 93, 81 min. Direção: Robert Rodriguez. Com Carlos Gallardo, Cosuelo Gómez. A fama do filme repousa sobre a suposição (pouco plausível) de que teria custado US$ 7.000. Em todo caso, a história do seresteiro confundido com um criminoso na fronteira entre México e EUA não vale muito mais do que o anunciado pela publicidade.

Corpo Fechado
SBT, 22h.

(Unbreakable). EUA, 2000, 107 min. Direção: M. Night Shyamalan. Com Bruce Willis, Samuel L. Jackson. Após sobreviver a um desastre terrível, Willis descobre que possui dons raros, para não dizer únicos. "Thriller" fantástico, à maneira do que Shyamalan inaugurou com "O Sexto Sentido". Será que o diretor-roteirista está entrando numa prisão? Inédito.

O Jovem Frankenstein
Bandeirantes, 0h30.

(Young Frankenstein). EUA, 74, 105 min. Direção: Mel Brooks. Com Gene Wilder, Pewter Boyle. O jovem dr. Frankenstein volta ao castelo de seus ancestrais e reinicia as experiências visando criar um homem a partir do próprio homem. Paródia dos velhos filmes de horror, à moda de Brooks: a idéia se esgota muito antes do filme terminar. Legendado. P&B.

Asas do Amor
Globo, 1h20.

(The Wings of the Dove). Inglaterra/EUA, 97, 101min. Direção: Iain Softley. Com Helena Bonham Carter, Charlotte Rampling. Ao saber que uma amiga rica sofre de doença fatal, a jovem Kate (Carter) empurra o namorado -jornalista e pé-rapado- para cima dela. O objetivo é eles se casarem, a moça morrer e o rapaz receber gorda herança. Baseado em romance de Henry James. Inédito.

A Gaiola das Loucas 3 - Elas se Casam
Globo, 3h.

(La Cage aux Folles 3: Elles se Marient). França, 85, 88 min. Direção: Georges Lautner. Com Ugo Tognazzi, Michel Serrault. Uma tia de Albin (Serrault) deixou-lhe uma herança, porém com uma cláusula desagradável: terá de se casar e ter um filho no prazo de 18 meses. Renato (Tognazzi), seu amante desde o primeiro filme, arma um plano para que eles fiquem com o dinheiro. Basicamente, a interpretação dos dois atores principais é o que importa na série, aqui já raspando o tacho. (IA)


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