São Paulo, quarta-feira, 07 de dezembro de 2005 |
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LENNON, 25 ANOS DEPOIS Produtor irlandês acredita que uma conversa entre Lennon e o assassino teria evitado o crime Documentário revê tormentos de Chapman
FÁBIO VICTOR DE LONDRES Dois dedos de prosa poderiam ter evitado uma das maiores tragédias da música pop mundial. Se é possível levar a sério a mente de um psicopata como Mark David Chapman, é dele -o homem que deu cinco tiros em John Lennon em 8 de outubro de 1980 (há 25 anos e um dia)- a idéia de que o desdém do ex-Beatle aos seus tormentos foi a senha para o crime. A declaração é um dos pontos altos do documentário "I Killed John Lennon" ("Eu Matei John Lennon"), produzido pelo irlandês David Harvey a partir de depoimentos do próprio Chapman, que já teve negados dois pedidos de liberdade condicional e cumpre pena na prisão de Attica, no Estado de Nova York. Ex-apresentador de um programa sobre crimes na TV irlandesa, Harvey comprou os direitos de usar as fitas de áudio ao americano Jack Jones, que gravou, a partir de 1990, mais de cem horas de entrevistas com o assassino -os produtores se debruçaram sobre 40 horas, e no filme restaram só 25 minutos de relatos dele. Com 65 minutos, o documentário, dirigido por Chris Wilson, vai ao ar amanhã no inglês Channel 4 (segundo o produtor, o filme ainda não foi negociado com canais brasileiros). Ouvindo também pessoas próximas a Chapman e testemunhas do crime, reconstitui o dia do tragédia e investiga obsessões do assassino, como a com o livro "O Apanhador no Campo de Centeio", de J.D. Salinger, que o teria inspirado. Embora Jones tenha usado seus encontros com Chapman para escrever a biografia "Let Me Take You Down", os realizadores asseguram que a maior parte dos depoimentos no documentário é inédita. Alguns, como o que diz que nada poderia tê-lo impedido de matar Lennon, pois era "como um trem descontrolado", contradizem a própria tese da conversa salvadora, mostrando o quão atormentado é o sujeito. Pela venda dos direitos ao Channel 4 e à americana NBC, a empresa de Harvey abocanhou, segundo o jornal inglês "The Sunday Times", 500 mil. Em entrevista à Folha, o produtor negou, mas se recusou a dizer quanto pagou a Jones e quanto recebeu das TVs. Ele falou de Dublin, onde acabou de inaugurar um canal de TV, o City Channel. Folha - Como chegou às fitas? David Harvey - O Jack Jones é jornalista em Nova York e foi contatado por Mark Chapman, que leu os trabalhos dele sobre prisioneiros e achou que seria alguém confiável para conversar. Eles se encontraram diversas vezes, e Jones gravou cem horas de entrevistas. Eu já conhecia o Jones de outro projeto, e resolvi fazer. Folha - Qual é a maior revelação
de Chapman no filme? Folha - E o que os outros falam
dele? Folha - A família Lennon, por
exemplo, não foi ouvida... Folha - Como vê as críticas dela,
de que mostrar o documentário irá
ferir a família e os fãs? |
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