São Paulo, quarta-feira, 07 de dezembro de 2005

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Chapman tentou suicídio antes de matar Lennon

DA REPORTAGEM LOCAL

Antes de acertar os quatro tiros fatais em John Lennon, em 8 de dezembro de 1980, Mark David Chapman aponta o revólver calibre 38 contra a própria cabeça, no topo do Empire State Building. Mas não consegue puxar o gatilho. E chora.
O mais detalhado relato da história entre Chapman e Lennon está no livro "Through the Mirror Go Round", de D.W. Pryke (não lançado no Brasil).
É 29 de outubro quando Mark Chapman voa do Havaí a Nova York, hospeda-se num quarto do Waldorf-Astoria e vai a pé, armado, ao Dakota, o prédio onde Lennon morava. O cantor não aparece. Chapman percebe isso como um sinal: a hora não havia chegado. E vai ao Empire State Building.
Naquele outubro, em um longo artigo, a revista "Esquire" pergunta: "John Lennon, onde você está?", fazendo referência à vida reclusa do roqueiro, que estava sem gravar um disco de inéditas havia vários anos e vivia num apartamento de milhões de dólares. Chapman lê o artigo e se sente enganado com o estilo de vida de seu ídolo. Para ele, Lennon tornara-se um impostor.
Em novembro, "Double Fantasy", o novo disco de estúdio do ex-beatle, é lançado nos EUA. Chapman relaciona algumas das letras com passagens de "O Apanhador no Campo de Centeio", livro de J.D. Salinger. Lennon e Holden Caulfield, o personagem central de "Apanhador", são as duas obsessões de Chapman -ele até queria mudar seu nome para Holden Caulfield; e chega a assinar documentos, como sua demissão, como John Lennon.
Mais do que obcecado, Chapman está se sentindo enganado por Lennon. Diagnosticado como esquizofrênico, ele ouve vozes. Alguns sinais apreendidos em "Apanhador" emergiram em "Double Fantasy". Todd Rundgren, uma das referências musicais de Chapman, lança "Deface the Music" (Apague a música). Era o último sinal. Mark Chapman via a si próprio e a John Lennon como um só. Por isso, o "falso Lennon" precisava morrer.
Em 8 de dezembro, Lennon acorda cedo. Ouve o rádio, toma café e vai ao barbeiro. Volta ao Dakota para uma sessão de fotos em que posa nu junto com Yoko Ono. No final da tarde, na ida ao estúdio, é parado por alguns fãs. Um deles, Mark Chapman, pede para o cantor autografar "Double Fantasy". Passava das 22h30 quando Lennon e Yoko, de volta do estúdio, descem de uma limusine, na frente do prédio.
Chapman, à espreita, carregando uma cópia de "Apanhador", chama: "Lennon?". Antes que o cantor se virasse, ele dispara. Quatro tiros acertam o ex-beatle, nas costas e nos ombros. Yoko corre em direção ao marido. O porteiro do Dakota tira a arma da mão de Chapman, que fica prostrado. Quando a polícia chega, ele confessa.
Lennon é levado ao hospital num carro da polícia. Consciente, conversa com um policial. "Sinto dor" são suas últimas palavras. Às 23h05, John Lennon morre. (TN)


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