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MÚSICA
Internet vira ponto-de-venda das grandes gravadoras e força queda no preço dos CDs nos EUA
Trilhas alternativas
CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL
Demorou, mas parece que a ficha caiu para a indústria fonográfica: 2002 deve marcar a entrada
maciça das gravadoras no mercado de música digital.
Depois de forçar a aposentadoria do Napster e assistir, logo em
seguida, à proliferação de uma
centena de mecanismos tão eficientes quanto o pioneiro trocador de arquivos digitais, a indústria do disco deu o braço a torcer.
As gravadoras vão elas mesmas
funcionar na internet como napsters. Só que, em vez de fornecer
música de graça, como ainda fazem endereços como o kazaa.
com, vão cobrar -seja por faixas
isoladamente ou mediante o pagamento de mensalidades.
Parece que não dá mais para ignorar um mercado que contabiliza por semana mais de 5 milhões
de downloads.
"A indústria fonográfica é a
maior culpada pelo aparecimento
dos napsters", diz André Szajman, 29, um dos presidentes da
Trama, a primeira gravadora brasileira a vender faixas de seus artistas pela internet.
"Ainda estamos na idade da pedra da internet, mas quem não
entrar agora estará comprando
um problema", avalia o empresário. Ele conta que a venda de faixas pelo site da gravadora em 2001
ficou em torno de 500 músicas.
Cada faixa é vendida, em média,
por R$ 1,50.
O número, segundo ele, não é
"nem bom nem ruim", mas mostra que há pessoas dispostas a pagar pelo serviço. Szajman calcula
que, em três ou quatro anos, a
venda de música pela internet represente cerca de 20% do faturamento da Trama.
Por enquanto, as gravadoras terão de medir isoladamente seu faturamento on-line. A ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Discos), porém, promete
começar a verificar o tamanho do
mercado digital em breve.
Um estudo da Jupiter Media
Metrix, empresa norte-americana
especializada em análise de mercado on-line, avalia que até 2005 a
venda de CDs pela internet e o
download de músicas pela rede
representarão cerca de 25% do
movimento total.
Nos EUA, as gravadoras tentam
se organizar primeiramente em
grupo para testar como o mercado de venda de música digital vai
funcionar.
A primeira iniciativa aconteceu
em 98. Foi a criação da SDMI, sigla para Iniciativa para Música
Digital Segura. A associação tem
em seu conselho virtual cerca de
200 empresas de tecnologia, comunicação e música, incluindo aí
as grandes gravadoras.
Segundo a SDMI, foi a movimentação no mercado digital que
forçou a queda -inédita e bem-vinda- dos preços dos CDs nos
EUA, que fecharam o ano custando US$ 10, no lugar dos habituais
US$ 13.
Acontece que, pela primeira vez
em dez anos, os EUA enfrentam
recessão. De 91 a 2000, o número
de CDs vendidos no país triplicou. No ano passado, os atentados, as eleições e outros fatores
brecaram o aumento nas vendas
de CDs, da mesma forma que não
decolaram as vendas de, digamos,
abajures.
Se a indústria pode apontar os
napsters como culpados por alguma coisa, seria do sumiço dos singles. Segundo a SoundScan, que
mede vendas da indústria norte-americana, houve queda de 38%
nas vendas nesse formato.
Napster pago
Para atuar na venda propriamente dita de música pela net, os
gigantes da indústria fonográfica
se dividiram em dois grupos.
O MusicNet, que entrou no ar
no início de dezembro e ainda
opera somente nos EUA, representa artistas da AOL Time Warner, BMG, EMI e Zomba Records.
Segundo o site (www.musicnet.com), o usuário que topar pagar
mensalidade de US$ 19,95 terá direito a usufruir de cerca de 75 mil
músicas e games.
"A MusicNet ainda apresenta
problemas. Vamos ver como as
coisas funcionam por lá. Ainda
não decidimos como vamos atuar
no Brasil, mas a internet é sem dúvida um mercado em que apostamos muito", diz Ivo Júnior, do
braço brasileiro da BMG.
No final de dezembro, outro site
representando majors entrou no
ar em caráter experimental. É o
Pressplay (www.pressplay.com),
que funciona de forma parecida
com o MusicNet, representando
Sony, Universal, MSN Music, Yahoo! e Roxio.
O próprio Napster, que saiu do
ar em julho, anuncia que volta a
funcionar em 2002. Segundo texto que está no ar, o Napster funcionará mediante cobrança de
mensalidade dos usuários.
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