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ARTES PLÁSTICAS
Mostra prova
que o Brasil
tem seu valor
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
O conceito da mostra "Teoria
dos Valores", a partir de hoje no
MAM-SP, nem chega a ser obscuro. O curador Marcio Doctors seguiu o raciocínio de que a arte parte de uma materialidade real e se
desenvolve até chegar a uma abstração, a uma nova trama de sentidos. Já o dinheiro, é um conceito
abstrato que adquire uma densidade real e se transforma em bens
materiais a partir de um acordo
entre as pessoas.
A partir daí, selecionou obras de
18 artistas que tenham trabalhado
com algum tipo de valor, seja ele
moeda corrente, símbolos monetários, ouro, brilho etc, sempre
utilizados como metáforas de processos histórico-sociais.
Em seu primeiro bloco, a mostra
traz exemplos mais evidentes dessa relação, como "Zero Cruzeiro/Zero Dólar", de Cildo Meireles,
em que o artista interfere em cópias de cédulas; ou "Os Cem", em
que Jac Leirner dispõe em uma roda centenas de notas de cem cruzeiros, remissão à ciranda financeira nos tempos de alta inflação.
Já no bloco seguinte, vai ser difícil convencer qualquer espectador
de que uma obra de Amilcar de
Castro, realizada apenas com um
corte e uma dobra em uma chapa
de ferro, lida como qualquer lógica
capitalista ao conseguir "o máximo de expressão plástica a partir
de um mínimo de interferência",
como diz Doctors, ou mesmo que
as bandeirinhas de Volpi tenham
relação com a serialização dos processos de produção industrial.
Uma discussão interessante pode surgir a partir da obra "Lixo =
Eletricidade" (1976), de Arthur
Barrio, realizada com dejetos urbanos e apresentada em painéis fotográficos. A discussão pode começar questionando-se o valor de
uma obra feita com lixo, mas deve
evoluir para a discussão do valor
de uma obra que só existe em imagem. Inexplicavelmente, a excelente mostra ainda não tem patrocínio para cidades como Salvador,
Recife, Porto Alegre e sequer Rio
de Janeiro. Por enquanto só os
paulistanos poderão vê-la e, assim, sair do MAM mais ricos.
Mostra: Teoria dos Valores
Artistas: Waldemar Cordeiro, Cildo
Meireles, Waltercio Caldas, Jac Leirner,
Tunga, Mira Schendel, Volpi, Hélio Oiticica,
Amilcar de Castro, Sérgio Camargo, Maria
Moreira, Arthur Barrio, Flávia Ribeiro,
Antonio Dias, Lygia Pape, Antonio Manuel,
Fernanda Gomes, Rubem Grilo
Onde: Museu de Arte Moderna (portão 3
do parque Ibirapuera, tel. 011/549-9688)
Vernissage: hoje, às 19h
Quando: terça, quarta e sexta, das 12h às
18h; quinta, das 12h às 22h; sábado e
domingo, das 10h às 18h; até 8 de fevereiro
Quanto: R$ 2 (entrada grátis às quintas)
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