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CINEMA
Em dia fraco no festival, "Bloody Sunday", de Paul Greengrass, decepciona ao retratar tragédia britânica dos anos 70
Anna Thompson é destaque de "Bridget" em Berlim
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
A violência foi tema dos dois filmes exibidos na mostra competitiva, ontem, no Festival de Berlim.
Tanto política, em "Bloody Sunday", como doméstica, em "Bridget". No entanto, foi um dia fraco,
ambas as produções tiveram recepção pouco calorosa.
"Bloody Sunday", filme britânico dirigido por Paul Greengrass,
recria o assassinato por policiais
britânicos de 13 pessoas e outros
14 feridos no dia 30 de janeiro de
1972 -conhecido como "Domingo Sangrento"- durante
uma passeata pelos direitos civis
em Derry (Irlanda do Norte).
"O tema principal do filme é retratar um capítulo obscuro da política inglesa que foi escondido e
tornou-se a razão de muitos jovens irlandeses partirem para a
luta armada", disse Greengrass,
ontem, em Berlim.
Para tanto, o diretor focou a
produção em algumas histórias
pessoais, como a do deputado e líder protestante Ivan Cooper (James Nesbitt), "Quis dar um caráter mais humanista aos fatos
ocorridos", afirmou.
Entretanto, o filme adota um caráter documental que o torna
muito cansativo. Só as cenas do
domingo sangrento levam mais
de 40 minutos. Difícil entender
por que "Bloody Sunday" ganhou
o prêmio de público em cinema
internacional, no Sundance, no
mês passado. É apenas uma produção politicamente correta.
Já "Bridget", filme francês do diretor israelense Amos Kollek
("Fast Food, Fast Woman"), trouxe a primeira potencial candidata
ao Urso de Prata para melhor
atriz, graças à atuação de Anna
Thompson no papel-título.
Apesar do roteiro confuso
-mãe perde posse do filho por
vida irregular e faz de tudo para
recuperá-lo, desde caixa de supermercado a traficante de drogas-,
Thompson carrega o filme com
carisma. A violência é uma constante na vida de Bridget, seu marido é assassinado na sua presença,
a personagem entra numa festa e
participa de um ritual que acaba
na morte de uma colega...
No entanto, a forma como Kollek constrói a narrativa lembra a
maneira de Hal Hartley tornar cenas banais interessantes e, assim,
a vida de Bridget como caixa de
um supermercado que se relaciona com alguns de seus clientes
traz ótimo dinamismo à produção. Claro que, em grande parte,
pela ótima atuação de Thompson
e seus olhos azuis.
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