São Paulo, sexta-feira, 08 de fevereiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CINEMA

Em dia fraco no festival, "Bloody Sunday", de Paul Greengrass, decepciona ao retratar tragédia britânica dos anos 70

Anna Thompson é destaque de "Bridget" em Berlim

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

A violência foi tema dos dois filmes exibidos na mostra competitiva, ontem, no Festival de Berlim. Tanto política, em "Bloody Sunday", como doméstica, em "Bridget". No entanto, foi um dia fraco, ambas as produções tiveram recepção pouco calorosa.
"Bloody Sunday", filme britânico dirigido por Paul Greengrass, recria o assassinato por policiais britânicos de 13 pessoas e outros 14 feridos no dia 30 de janeiro de 1972 -conhecido como "Domingo Sangrento"- durante uma passeata pelos direitos civis em Derry (Irlanda do Norte).
"O tema principal do filme é retratar um capítulo obscuro da política inglesa que foi escondido e tornou-se a razão de muitos jovens irlandeses partirem para a luta armada", disse Greengrass, ontem, em Berlim.
Para tanto, o diretor focou a produção em algumas histórias pessoais, como a do deputado e líder protestante Ivan Cooper (James Nesbitt), "Quis dar um caráter mais humanista aos fatos ocorridos", afirmou.
Entretanto, o filme adota um caráter documental que o torna muito cansativo. Só as cenas do domingo sangrento levam mais de 40 minutos. Difícil entender por que "Bloody Sunday" ganhou o prêmio de público em cinema internacional, no Sundance, no mês passado. É apenas uma produção politicamente correta.
Já "Bridget", filme francês do diretor israelense Amos Kollek ("Fast Food, Fast Woman"), trouxe a primeira potencial candidata ao Urso de Prata para melhor atriz, graças à atuação de Anna Thompson no papel-título.
Apesar do roteiro confuso -mãe perde posse do filho por vida irregular e faz de tudo para recuperá-lo, desde caixa de supermercado a traficante de drogas-, Thompson carrega o filme com carisma. A violência é uma constante na vida de Bridget, seu marido é assassinado na sua presença, a personagem entra numa festa e participa de um ritual que acaba na morte de uma colega...
No entanto, a forma como Kollek constrói a narrativa lembra a maneira de Hal Hartley tornar cenas banais interessantes e, assim, a vida de Bridget como caixa de um supermercado que se relaciona com alguns de seus clientes traz ótimo dinamismo à produção. Claro que, em grande parte, pela ótima atuação de Thompson e seus olhos azuis.


Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: Na berlinda
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.